Investing.com – Inflação ao consumidor está em foco nos Estados Unidos nesta semana, após um relatório de empregos payroll acima do esperado demonstrando um mercado de trabalho aquecido. Ainda que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) não seja o indicador preferido do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA), analistas de mercado estarão atentos às percepções inflacionárias e como elas podem influenciar um possível corte nas taxas de juros, atualmente em território contracionista.
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As projeções consensuais indicam uma variação mensal de 0,3% em março, tanto para o índice cheio quanto para o núcleo, que desconsidera itens voláteis, como energia. Em fevereiro, ambos subiram 0,4%. O ING concorda com o consenso, mas alerta que o dado “ainda é cerca do dobro da taxa mensal de 0,17% que, ao longo de 12 meses, reduziria a taxa anual para a meta de 2%”.
Segundo o ING, a inflação tem ficado “consistentemente quente nos últimos meses, com os componentes da habitação particularmente rígidos, enquanto os custos de seguros e as taxas de gestão de carteiras acentuadamente mais elevados têm contribuído para leituras elevadas dos núcleos”, destacou em relatório.
Na opinião do banco BTG (BVMF:BPAC11), o IPC “deve continuar trazendo perspectiva de melhora frente à surpresa altista registrada em janeiro, que vai se confirmando como outlier”.
O Bank of America (NYSE:BAC) (BofA) acredita que os preços da energia subirão um pouco mais rápido do que os sazonais e que “o aumento dos preços do petróleo poderá continuar a empurrar os preços da energia para cima nos próximos meses”.
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O economistas do mundo inteiro aguardam dados de inflação nos Estados Unidos em busca de mais pistas a respeito dos próximos passos da política monetária americana. “Isto se deve principalmente aos comunicados dos membros do FOMC, após as reuniões do comitê, bem como em discursos e entrevistas. Nestes eventos reforçam a visão de que necessitam mais dados para ter segurança no comportamento da inflação e assim iniciar um ciclo de queda de taxas de juros”, recorda André Carvalho, diretor de portfólio da Acura Capital.
Caso o indicador não demonstre uma trajetória de uma convergência a meta, a expectativa é de um “reforço na tese que não existe urgência para a redução de juros e as expectativas do mercado para o início do movimento de queda serão postergadas para o segundo semestre”, completa Carvalho.
Thomas Monteiro, estrategista-chefe do Investing.com, avalia que a escalada de várias commodities no último mês torna a divulgação mais sensível para o mercado, pois contempla um risco elevado de aumentar as pressões externas sobre o Fed para manter os juros elevados por mais tempo.
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“Com a alta dos preços dos alimentos e da gasolina durante o período, o caminho mais provável é que CPI saia marginalmente acima das expectativas no ano a ano, ampliando assim a disparidade em relação ao núcleo do CPI e, ainda mais, em relação ao Core PCE divulgado duas semanas atrás”, aponta Monteiro.
Na opinião do especialista, não é coincidência que o rendimento dos títulos do governo dos EUA já estejam sinalizando dificuldades e com movimentação de forma contrária à narrativa de cortes de juros já no primeiro semestre. “No entanto, do ponto de vista do Fed, acredita-se que uma surpresa no IPC não deva forçar uma mudança imediata de planos”.
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Andrea Damico, economista-chefe da Armor Capital, destaca que os serviços tiveram um repique em janeiro, começaram a desacelerar em fevereiro e, provavelmente agora, devem continuar com desaceleração na margem, ou pelo menos manter níveis mais compatíveis com o processo de desinflação.
Em bens, a situação é diferente, para pior, de acordo com a economista. “Provavelmente no dado de março vamos ver a parte de bens novamente pressionada. Eu acho que tem um pouco da dinâmica de fretes, com forte elevação recente, e do próprio petróleo, que está reagindo mais a essas questões geopolíticas e está mais pressionado”, completa a especialista, que espera que esse repique seja temporário, ainda que preocupe sobre o início do ciclo de corte nos juros.
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