Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O diretor de Política Econômica do Banco Central, Fábio Kanczuk, afirmou nesta terça-feira que a visão na autoridade monetária é de que a inflação é menos inercial e pode mudar muito ao longo do próximo ano, no sentido de que pode surpreender para baixo.
Ao participar virtualmente de evento promovido pelo JP Morgan, ele também pontuou que o BC vê as mudanças nas expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2022 menos ligadas à política monetária em si, e mais conectadas a questionamentos sobre o crescimento potencial do país.
Segundo Kanczuk, a grande questão no BC é mais relacionada à projeção de inflação, e menos ao crescimento. Ele complementou, inclusive, que a política monetária ainda não teria tido tempo de afetar a atividade.
"(A grande questão) é mais relacionada à projeção de inflação e a não concordarmos com a visão de que temos uma fenômeno muito inercial como o que tivemos na desinflação prévia", afirmou.
"Inflação é menos inercial e pode mudar muito ao longo do próximo ano", complementou ele, falando em inglês.
Kanczuk pontuou que as alterações nas perspectivas para o crescimento econômico não são "um grande negócio" nas questões de tradeoff analisadas pelo BC.
"O que é um grande negócio, ao invés disso, é a questão sobre o que vai acontecer com a inflação num prazo mais longo", disse.
"Agora todo mundo está vendo a inflação subir loucamente. Ok. Mas não vemos isso como algo muito inercial", complementou.
Kanczuk justificou que a alta expressiva da inflação foi calcada no avanço de preços de bens industriais, alimentos e combustíveis. Mas a inflação de serviços ainda está baixa e a inércia está neste setor.
"Achamos que isso pode mudar, então podemos terminar com uma política monetária muito apertada e então, de repente, não sei quando, em algum momento no ano que vem, há uma mudança e tudo volta a correr suavemente nas cadeias de oferta. E então teremos preços industriais caindo, combustíveis e alimentos caindo e então a inflação cai muito rapidamente", afirmou.
(Por Marcela Ayres)