Investing.com – Com decisão de política monetária em pauta nesta semana, as atenções estão voltadas ao dado de inflação americana que deve ser divulgado na terça pela manhã. A expectativa consensual é de que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) dos Estados Unidos tenha apresentado variação positiva de 0,2% em maio, após alta de 0,4% no mês de abril, conforme dados compilados pelo Investing.com. Para o indicador anual, a projeção do mercado é de um acumulado de 4,1%, abaixo dos 4,9% do mês imediatamente anterior.
As informações trazem mais pistas sobre como pode ser a próxima definição de juros do Federal Reserve, ainda que o dado preferido do Fed seja o Índice de Preços PCE. A ferramenta de Monitor de Juros do Fed do Investing.com aponta que 73,4% esperam a manutenção das fed funds.
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José Faria Júnior, planejador financeiro pela Planejar e diretor da Wagner Investimentos, reforça que o Fed de Cleveland acredita que o indicador anual deve cair para 4,1% em maio, com núcleo em 5,3%, conforme as projeções de consenso.
“Do ponto de vista da inflação, o que vai ficar elevado por um tempo são os aluguéis. Estes continuarão sendo o maior obstáculo para o Fed”.
Alejandro Ortiz, economista da Guide Gestão, espera um resultado pressionado no núcleo, com 0,4% no mês, em linha com a projeção consensual, ainda bastante incompatível com a meta de inflação, que é de 2%. “Boa parte dessa pressão deve continuar decorrendo da categoria de serviços retirando preços relacionados a aluguéis, entre outros. O mercado de trabalho não tem tido grau de deterioração, bem pelo contrário, surpreendendo para cima”, avalia o economista.
A queda nos preços de energia deve refletir no indicador, segundo Bruno Mori, planejador financeiro pela Planejar, que concorda com o consenso e também demonstra maior preocupação com o núcleo do índice, “principalmente em função de um mercado de trabalho superaquecido”.
Há um ano, os efeitos da guerra na Ucrânia ainda eram robustos, e por isso a dinâmica anual é mais favorável em 2023, recorda Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos. “A configuração tem trazido nesse primeiro semestre a parte de serviços e de moradia muito alta, que precisariam cair de forma mais rápida para que seja possível vislumbrar a meta, ainda que no ano que vem”.
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O dado será extremamente importante para o alinhamento das expectativas do mercado quanto à próxima divulgação das fed funds, que será na quarta-feira, lembra Enzo Pacheco, analista da Empiricus Research. Uma inflação resiliente, com mercado de trabalho ainda pujante, tem feito com que o presidente do Fed, Jerome Powell, ressaltasse a necessidade de, se não houver um novo aumento de juros, mantê-los elevados por um período maior.
Após o episódio do Silicon Valley Bank, as expectativas haviam mudado e, com novos dados, há revisões das projeções daqueles que estimavam cortes em 2023. “Se o núcleo vier forte, acima das expectativas, não seria desprezível a possibilidade de um novo aumento de 0,25 pontos percentuais nessa reunião, não abrindo mão de novas altas no futuro”, pondera, ao lembrar que outros formuladores de política monetária, como no Canadá e na Austrália, haviam indicado pausas, mas tiveram que voltar atrás.
No dia 03 de maio, o Federal Open Market Committee (FOMC) elevou, por decisão unânime, a taxa de juros de referência do banco central dos EUA para a faixa de 5,00% a 5,25%.