Investing.com - A inflação de setembro deve ter sido marcada pelo aumento nos preços de energia, com dado acima da prévia de meio do mês, conforme especialistas consultados pelo Investing.com. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresenta a leitura do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) na próxima amanhã, 09 de outubro, e a expectativa consensual é de que o indicador tenha registrado 0,46% de alta mensal e de 4,43% no acumulado de 12 meses.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto ficou negativo em 0,02%, enquanto a taxa de julho foi positiva em 0,38%. A inflação acumula alta de 4,24%, em doze meses.
O IPCA de setembro tende a subir em torno de 0,5%, estima André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGV/IBRE. Ainda que a prévia tenha sido de 0,13%, o dado ainda foi influenciado por preços de agosto, detalha o especialista. “O IPCA-15 leva em conta preços que vigoraram entre 15 de agosto e 15 de setembro, mas o mês de agosto foi de deflação”, esclarece.
No IPCA-15, de acordo com o IBGE, a maior variação e o maior impacto positivo foram do grupo de habitação, que subiu 0,50%, enquanto o de alimentação e bebidas ficou praticamente estável, com leve acréscimo de 0,05%, após dois meses de taxa negativa.
Na inflação oficial, a expectativa é de recuperação no preço dos alimentos e pressão maior em energia elétrica. “E isso deve continuar em outubro, porque este mês já começou com bandeira vermelha patamar 2, o que faz com que a energia elétrica suba mais de preço. Então a inflação vai pesar um pouco mais nesses meses por conta dessas questões climáticas que esbarram na agricultura e na geração de energia”, detalha Braz.
Com projeção de 0,40% para esta leitura, Catherine Cruz, CIO da Integrity Wealth Management, completa que os reservatórios secaram muito mais rápido do que o esperado com a falta de chuvas, pressionando os preços de energia. “A inflação de alimentos também deve vir mais alta, o que deve fortalecer a tese do Copom para aumentar juros”, destaca Cruz, que entende que a elevação recente na Selic não foi o suficiente para ancorar as expectativas, o que requer a continuidade do ciclo e indicações mais agressivas dos membros do colegiado.
Ao monitorar ativos que vêm sendo comprados por investidores institucionais diante da perspectiva de continuidade do cenário inflacionário, Paulo Martins, CEO e fundador da Anova Research, elenca as ações de utilities que podem ser beneficiadas.
“Nossa equipe vê essa relação do setor de energia e saneamento e os ciclos de mercados, e historicamente esses setores performam bem em ambientes inflacionários. E já tem um grupo que comprou bastante, por exemplo, Cemig (BVMF:CMIG4), Copasa (BVMF:CSMG3), Sanepar (BVMF:SAPR11), todas essas empresas já possuem volumes vultosos”.