IPCA tem maior alta em quase 3 anos em fevereiro com aumento de energia elétrica

Publicado 12.03.2025, 09:04
Atualizado 12.03.2025, 10:06
© Reuters. Linhas de transmissão de energia em Brasílian06/06/2022. REUTERS/Ueslei Marcelino

Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A inflação no Brasil acelerou com força no Brasil em fevereiro e atingiu o maior nível em quase três anos diante do aumento dos preços da energia elétrica, levando a taxa em 12 meses acima de 5% às vésperas de nova decisão de política monetária do Banco Central.

Em fevereiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,31%, depois de avançar 0,16% em janeiro, resultado que ficou em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 1,30%.

Esta é a taxa mensal mais elevada desde março de 2022 (1,62%), e o resultado mais forte para um mês de fevereiro desde 2003 (1,57%).

Os dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram ainda que a alta do IPCA nos 12 meses até fevereiro chegou a 5,06%, de 4,56% no mês anterior.

É a primeira vez que a taxa em 12 meses fica acima de 5% desde setembro de 2023 (5,19%), indo mais além do teto da meta oficial -- 3,0% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. A expectativa em pesquisa da Reuters era de alta de 5,05%%.

A maior influência no resultado de fevereiro foi exercida pelo aumento de 16,80% na energia elétrica residencial devido ao fim da incorporação do bônus de Itaipu ----composto pelo saldo positivo registrado na conta de comercialização da energia da usina hidrelétrica binacional e que concedeu descontos em faturas no mês de janeiro.

Com isso, os custos do grupo Habitação passaram de uma queda de 3,08% em janeiro para alta de 4,44% em fevereiro. Sem o resultado de energia, o IPCA teria subido 0,78%.

EDUCAÇÃO, ALIMENTOS E COMBUSTÍVEIS

O IBGE destacou ainda que cerca de 92% do resultado de fevereiro girou em torno de quatro dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados: Habitação, Educação, Alimentação e bebidas e Transportes.

A maior variação foi registrada por Educação, com alta de 4,70%, devido aos reajustes sazonais nas mensalidades escolares no início do ano letivo -- ensino fundamental teve alta de 7,51%, ensino médio subiu 7,27% e pré-escola avançou 7,02%.

Os preços de Alimentação e Bebidas, fonte de preocupação para o governo, subiram 0,70% em fevereiro, com destaque para ovo de galinha (15,39%) e café moído (10,77%). Somente o café acumula alta de 20,25% nos dois primeiros meses do ano.

"O café, com problemas na safra, está em trajetória de alta desde janeiro de 2024. Já o aumento do ovo se justifica pela alta na exportação, após problemas relacionados à gripe aviária nos Estados Unidos, e, também, pela maior demanda devido à volta às aulas. Além disso, o calor prejudica a produção, reduzindo a oferta”, explicou Fernando Gonçalves, gerente do IPCA no IBGE.

O grupo Transportes, por sua vez, avançou 0,61%, com o reajuste no ICMS influenciando o aumento de 2,89% nos combustíveis: óleo diesel (4,35%), etanol (3,62%) e gasolina (2,78%).

A inflação de serviços acelerou ligeiramente a alta a 0,82% em fevereiro, de 0,78% em janeiro, chegando a 5,32% em 12 meses.

O índice de difusão, que mostra o espalhamento das variações de preços, teve em fevereiro queda a 61%, de 65% no mês anterior.

O BC volta a se reunir para deliberar sobre a taxa básica de juros em 18 e 19 de março. No final de janeiro, a autarquia elevou a Selic, como indicado, em 1 ponto percentual, a 13,25% ao ano, e manteve a orientação de mais uma alta equivalente em março, deixando os passos seguintes em aberto.

"Mesmo com uma alta probabilidade de mais um aumento em maio, vemos o cenário ainda muito incerto, o que tornaria prudente o Copom não se comprometer, neste momento, com nenhuma trajetória futura de política monetária", disse André Valério, economista sênior do Inter.

Movimentos futuros podem depender ainda de uma série de fatores que vêm mantendo o alerta elevado em relação à inflação, como mercado de trabalho ainda robusto, fortalecimento do dólar e as tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A última pesquisa Focus mostra que a expectativa de especialistas é de que a inflação termine este ano a 5,68%, com a Selic a 15,0%.

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