SÃO PAULO (Reuters) - A inflação no Brasil voltou a acelerar em abril e acima do esperado, pressionada pelos preços de alimentação, mas no acumulado em 12 meses acabou perdendo força, o que pode ajudar o Banco Central na tarefa de domar a alta dos preços.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial do país, acelerou a alta a 0,51 por cento em abril, frente a 0,43 por cento em março, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira. Em fevereiro, o indicador havia registrado alta de 1,42 por cento.
Em 12 meses até abril, o IPCA-15 acumulou avanço de 9,34 por cento, contra 9,95 por cento no mês anterior, ainda bem acima do teto da meta do governo --de 4,5 por cento pelo IPCA, com tolerância de 2 pontos percentuais para mais ou menos.
As expectativas em pesquisa da Reuters com economistas eram de alta de 0,47 por cento na base mensal e de 9,30 por cento na comparação anual, na mediana das projeções.
A alta nos preços do grupo Alimentação e Bebidas foi a principal influência sobre o IPCA-15, com avanço de 1,35 por cento neste mês, responsável por 0,34 ponto percentual do indicador, segundo o IBGE.
Também tiveram alta expressiva os preços no grupo Saúde e Cuidados Pessoais no período, de 1,32 por cento. Segundo o IBGE, reflexo dos remédios (2,64 por cento no mês), como "parte do reajuste de 12,50 por cento em vigor a partir de 1º primeiro de abril".
Ainda que a recessão econômica venha ajudando a abrandar a inflação, a alta do IPCA deve fechar este ano acima do teto da meta do governo pela segunda vez seguida, segundo a pesquisa Focus do BC, que aponta avanço de 7,08 por cento.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC reúne-se na semana que vem para decidir sobre a taxa básica de juros Selic, atualmente em 14,25 por cento.
Não há perspectiva de alteração nessa reunião e, embora o BC venha reiterando que não trabalha com a possibilidade de corte, economistas veem a redução da taxa.
(Por Camila Moreira)