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Juros: Com temor de recessão, mercado espera que Fed reduza ritmo de alta

Publicado 29.01.2023, 17:00
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Jessica Bahia Melo

Investing.com – Com inflação ainda acima da meta, mas dados que apontam uma desaceleração da economia, o mercado aguarda a definição sobre a taxa de juros americana. O Federal Open Market Committee (FOMC) realiza reunião de política monetária para definir as fed funds nesta semana, com decisão anunciada pelo comitê na quarta-feira, 1º de fevereiro.

O consenso é de que o Federal Reserve Fed deve subir os juros em 0,25 ponto percentual, levando a taxa para a faixa entre 4,5% e 4,75%, segundo a opinião de 99,6% dos analistas de mercado apontadas no Monitor da Taxa de Juros do Fed, do Investing.com. Apenas 0,4% acreditavam, na tarde da última sexta-feira, 27, que os juros subiriam para a faixa entre 4,75% e 5%.

As apostas em 0,25 ponto aumentaram após o anúncio do Índice de Preços medido pelo PCE, indicador chave para o Fed, que atingiu alta anual de 5% em dezembro, abaixo do resultado prévio de 5,5%. Ainda que a trajetória seja de melhora, a meta americana é de 2%.

O Bank of America (NYSE:BAC) (BofA) avalia que o Federal Reserve “parece confortável em reduzir o ritmo dos aumentos de juros novamente” na próxima reunião, ainda que cauteloso sobre as perspectivas inflacionárias. A autoridade monetária americana não estaria tão confiante de que as pressões devem se dissipar rapidamente, no entendimento do banco. A comunicação após a decisão deve ser clara no sentido de reforçar que mesmo que os juros estejam subindo menos, isso não significa que a taxa terminal deva ser menor também. “Esperamos que o presidente Powell continue a enfatizar que um ritmo mais lento de aumentos de juros não indica que o trabalho do Fed acabou”, aponta o BofA em relatório.

Para a ING Economics, após um ano de 2022 com a política mais agressiva em quatro décadas, o Fed retorna aos aumentos de 0,25 ponto à medida que aumentam os temores de uma recessão. “As forças recessivas estão crescendo e a inflação parece destinada a desacelerar acentuadamente a partir daqui, o que implica que os cortes nas taxas estarão na agenda no final do ano”, destaca o time de análise econômica em informe ao mercado.

Mauricio Oreng, economista do Santander (BVMF:SANB11), enxerga uma desaceleração nas altas dos juros, concordando com a visão de que o Fomc vai subir 0,25 ponto. Para o Santander, a taxa terminal deste ano chegaria a 5%. “A sinalização deve ser de que, apesar de uma desaceleração, o Fed deve se manter vigilante, mediante movimento de queda da inflação corrente, o que já estaria acontecendo, mas ainda seria preciso monitorar o mercado de trabalho, que ainda gera certa preocupação sobre a trajetória inflacionária“, destaca o economista em entrevista ao Investing.com Brasil.

Fabrício Silvestre, economista do TC, também vê aumento de 0,25 ponto na próxima decisão, diante de um nível bastante elevado frente ao patamar histórico e dados econômicos que mostram desaquecimento da economia. Silvestre indica que as divulgações ainda mostram um mercado de trabalho desafiador, mas inflação e crescimento indicando desaceleração. “Se a atividade está desacelerando, fatores de inflação pelo lado da demanda devem arrefecer, o que já visto em alguns componentes da inflação ao consumidor dos Estados Unidos”, aponta Silvestre.

O indicador do PCE veio em linha com o esperado, segundo o TC. “Inflação de bens e serviços mostra arrefecimento, vimos também queda de preços de commodities relacionadas a energia. O que preocupava e continua preocupando é a inflação de serviços, que é um pouco mais inercial. Mas acreditamos que ela também deve cair ao longo do ano”, completa Silvestre.

Já Raone Costa, economista chefe da Alphatree Capital, pondera que ainda que inflação esteja em queda, o patamar não é confortável, o que levantaria dúvidas se e alta seria de 0,25 ou 0,50 pontos percentuais.

Costa espera um comunicado rígido, começando a dar pistas sobre um possível fim do ciclo de aperto monetário, mas sem se comprometer. “Quando o Fed reduziu o ritmo de altas de 0,75 ponto percentual para 0,50 p.p., passou a dar sinais de que o patamar da taxa já estava em nível restritivo o suficiente e que, por isso, iria diminuir o passo. Se ele der 0,25 p.p. ou 0,50 p.p., vem mais uma dessas. Se o Fed der 0,50 p.p., difícil imaginar que ele esteja antecipando, acredito que ainda deve sinalizar uma elevação de 0,25 p.p. na próxima decisão”, completa.

Na semana passada, o mercado conheceu também os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre do ano passado, que apresentou alta de 2,9%, considerando a taxa anual ajustada. Segundo o Bureau of Economic Analysis, no ano de 2022, a economia americana cresceu 2,1%, abaixo dos 5,9% registrados em 2021. Após um crescimento ainda robusto, mas indicando desaceleração, os economistas estão mais cautelosos para uma recessão neste ano devido ao ciclo de aperto monetário do Fed.

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