A mediana do relatório Focus para o IPCA de 2024 subiu pela quinta semana consecutiva, de 4,20% para 4,22%, distanciando-se ainda mais do centro da meta, de 3%. Um mês antes, era de 4,05%. A estimativa intermediária para a inflação de 2025 cedeu de 3,97% para 3,91%, a segunda baixa seguida. Um mês antes, ela estava em 3,90%.
Considerando apenas as 54 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana do mercado para o IPCA de 2024 caiu de 4,22% para 4,21%. A projeção para a inflação de 2025 cedeu de 3,90% para 3,87%, levando em conta apenas as 54 atualizações no período.
No último ciclo de comunicações, o Comitê de Política Monetária (Copom) informou que considera o primeiro trimestre de 2026 como o seu horizonte relevante. O colegiado espera que a inflação acumulada em 12 meses atinja 3,4% no período, no cenário de referência, ou 3,2%, no cenário com a Selic estável em 10,5%.
O BC espera inflação de 4,2% este ano e de 3,6% no ano que vem, no cenário de referência. No cenário alternativo, projeta IPCA de 4,2% em 2024 e 3,4% em 2025.
As medianas para os horizontes mais longos também se mantiveram descoladas do centro da meta, em 3,60% no caso de 2026 e 3,50% em 2027, pela 11ª e 59ª semana consecutiva, respectivamente.
Na semana passada, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse em um evento organizado pelo banco Barclays (LON:BARC), em São Paulo, que a autoridade monetária está "muito incomodada" com a desancoragem das expectativas em relação ao alvo e prometeu fazer o necessário para corrigir esse desvio.
"Não estamos dando um guidance, mas faremos o que for necessário para levar a inflação à meta - e, se aumentar os juros for necessário, nós aumentaremos", ele afirmou, reforçando que o BC vai perseguir a meta independentemente de quem seja seu próximo presidente. O mandato de Campos Neto termina em 31 de dezembro.
Curto prazo
O mercado manteve praticamente estáveis as projeções para a inflação nos próximos meses. A mediana do relatório Focus para o IPCA de agosto se manteve em 0,10%, contra 0,15% um mês antes. A estimativa intermediária para setembro foi ajustada de 0,22% para 0,23%, ante 0,20% quatro semanas atrás, enquanto a projeção para outubro ficou em 0,30%, mesmo nível de um mês antes.
Projeção suavizada
A mediana do relatório Focus para a inflação suavizada dos próximos 12 meses se manteve em 3,73%. Um mês atrás, ela era de 3,74%. Essa medida deve ganhar importância nas análises do mercado após a regulamentação da meta de inflação contínua, que valerá a partir de 2025.
O novo regime prevê que o cumprimento da meta seja apurado com base na inflação acumulada em 12 meses. Se a taxa ficar acima ou abaixo do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, será considerado que o Banco Central descumpriu o alvo.
A meta continua tendo como centro 3%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. Ela pode ser alterada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), por iniciativa do ministro da Fazenda, mas é necessário aguardar um prazo de 36 meses para que uma mudança tenha efeito.