Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - O setor industrial brasileiro seguiu em expansão na metade do quarto trimestre, com destaque para o salto na produção de Bens de Capital em novembro, chegando ao sétimo mês seguido de ganhos.
Em novembro, a produção industrial brasileira registrou alta de 1,2% na comparação com o mês anterior, mostraram dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.
O resultado ficou pouco abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 1,3%.
"O avanço é quase o mesmo do mês anterior e faz com que o setor siga ampliando o aumento com relação ao patamar pré-pandemia. E houve um predomínio no crescimento, ou seja, todas as categorias e a maior parte das atividades tiveram aumento", afirmou o gerente da pesquisa André Macedo.
Em relação ao mesmo mês do ano anterior, houve aumento de 2,8% da produção industrial, abaixo da expectativa de alta de 3,5%.
Entre maio e novembro, a produção da indústria brasileira acumulou crescimento de 40,7%, depois de ter encolhido 27,1% entre março e abril, ápice do isolamento social para contenção do coronavírus.
"A atividade industrial ... tem se beneficiado de processo de estoques muitos baixos em um ambiente de demanda por bens aquecida, seja pela renda das famílias que foi mantida, seja pela mudança de demanda em direção a bens com menos serviços", avaliou economista-chefe da AZ Quest, André Muller.
O setor industrial está 2,6% acima do patamar pré-pandemia de fevereiro, mas ainda acumula nos 11 primeiros meses de 2020 perdas de 5,5%, em um reflexo do forte impacto da pandemia sobre o setor.
A recuperação da indústria, embora tenha encontrado base nas medidas de auxílio e na flexibilização do isolamento, ainda depende amplamente de uma retomada do mercado de trabalho, que vem mostrando mais dificuldades.
Em novembro todas as grandes categorias apresentaram alta na comparação com o mês anterior, com destaque para o aumento de 7,4% na produção de Bens de capital, uma medida de investimento, no sétimo mês seguido de expansão.
A fabricação de Bens de consumo duráveis aumentou 6,2%, enquanto a Bens de consumo semi e não duráveis cresceu 1,5%. Os Bens Intermediários tiveram ganho no período de 0,1%
Entre as atividades a maior influência positiva foi a de Veículos automotores, reboques e carrocerias, com aumento de 11,1%. De acordo com o IBGE, esse setor acumulou alta de 1.203,2% em sete meses consecutivos de crescimento na produção, superando em 0,7% o patamar de fevereiro.
De acordo com a pesquisa Focus mais recente realizada pelo Banco Central, a expectativa de economistas é de uma contração de 5% da produção industrial em 2020, passando a um crescimento de 4,78% neste ano.
"Para 2021, nossa expectativa é de que o consumo de bens vá se reduzindo gradativamente à medida que as pessoas voltem a consumir serviços por conta da queda das restrições, olhando para o ano inteiro", completou Muller, calculando expansão de 5% da indústria neste ano.