Por Howard Schneider
WASHINGTON (Reuters) - Uma taxa de desemprego em patamares historicamente baixos nos EUA e o aumento dos salários provavelmente manterão o Federal Reserve propenso a aumentar as taxas de juros em mais um quarto de ponto percentual no próximo mês, à medida que os riscos de uma crise financeira diminuem mas a preocupação com a inflação permanece alta.
O crescimento do emprego nos EUA está diminuindo, algo que os formuladores de políticas do Fed já previam ao aumentar os custos dos empréstimos. Mas a economia ainda criou 236.000 empregos em março e registrou acréscimos médios de 345.000 por mês durante o primeiro trimestre, bem acima do nível que o banco central vê como compatível com sua meta de inflação de 2%.
A taxa de desemprego caiu para 3,5% no mês passado, vindo de 3,6% em fevereiro, mesmo com a força de trabalho crescendo em cerca de meio milhão de pessoas e a taxa de participação subindo ligeiramente. O salário médio por hora aumentou 0,3%, crescimento ligeiro sobre o mês anterior.
O mais recente relatório sobre empregos no país oferece a última visão sobre o mercado de trabalho que as autoridades do Fed terão antes da reunião de política monetária marcada para os dias 2 a 3 de maio e ainda representa mais um passo para reorientar o debate, que era o de uma crise potencial provocada pelo colapso de dois bancos regionais e que agora deve voltar aos esforços habituais para conter a alta inflação.
Os investidores em títulos vinculados à taxa de juros de referência do Fed aumentaram suas apostas de que as taxas continuarão subindo, com um aumento de um quarto de ponto percentual no próximo mês, agora com quase dois terços de probabilidade.
"Apesar do enfraquecimento nas leituras de emprego na preparação para o relatório de emprego não agrícola, o crescimento do emprego ainda não entrou em colapso, embora haja sinais visíveis de moderação contínua", escreveu Kathy Bostjancic, economista-chefe da Nationwide, logo após a divulgação do relatório.
Bostjancic disse que o Fed em geral ficaria satisfeito com os dados, embora tenha acrescentado que "ainda apoia outro aumento de juros em maio - que achamos que pode ser o último do ciclo de aperto. Seguido por uma longa pausa".
Em um possível sinal adicional de alívio das pressões inflacionárias, o ritmo de crescimento salarial na comparação ano a ano caiu para 4,2% em março, de 4,6% no mês anterior, continuando uma tendência recente de queda.
(Reportagem de Howard Schneider)