Temores sobre tarifas foram o centro das atenções na reunião de março do BCE, mostra ata

Publicado 03.04.2025, 09:53
Atualizado 03.04.2025, 09:56
© Reuters. Sede do BCE em Frankfurt, Alemanhan06/03/2025. REUTERS/Jana Rodenbusch/File Photo

FRANKFURT (Reuters) - Autoridades do Banco Central Europeu já estavam contabilizando o custo potencial das tarifas dos Estados Unidos muito antes de sua adoção, argumentando que elas pesarão sobre o crescimento mas terão um impacto mais incerto sobre a inflação, mostrou a ata da reunião de 5 e 6 de março do BCE nesta quinta-feira.

Naquela reunião, o BCE cortou as taxas de juros pela sexta vez desde junho do ano passado e manteve a porta aberta para novo afrouxamento, mas não assumiu nenhum compromisso em relação a abril dada a incerteza em torno dos planos tarifários de Donald Trump, que ainda estavam a um mês de distância.

"Foi dito que os prováveis choques no horizonte, incluindo a escalada das tensões comerciais e a incerteza de modo mais geral, podem pesar significativamente sobre o crescimento", mostrou o documento nesta quinta-feira.

"Foi argumentado que esses fatores podem aumentar o risco de não atingir a meta de inflação no médio prazo."

Essa combinação de fatores poderia até mesmo exigir uma ação decisiva do BCE, argumentaram alguns em março.

"Sob essa perspectiva, argumentou-se que ser prudente diante da incerteza não equivalia necessariamente a ser gradual no ajuste da taxa de juros", disse o BCE.

Entretanto, as autoridade alertaram que as barreiras comerciais também poderiam causar um aumento de curto prazo nos preços, especialmente se a Europa responder com suas próprias medidas.

"A combinação de tarifas e medidas de retaliação dos EUA também pode representar riscos de alta para a inflação, especialmente no curto prazo", acrescentou o BCE.

Nas semanas que se seguiram à reunião, os investidores aumentaram suas apostas em outro corte na taxa de juros em 17 de abril e agora veem uma chance de aproximadamente 90% de um movimento, a ser seguido por mais dois cortes no final do ano, já que as pressões inflacionárias estão se dissipando.

As tarifas anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, provavelmente pesarão sobre o crescimento e seus danos econômicos poderão pesar sobre os preços, disseram as autoridades.

O euro também subiu nas últimas semanas, os rendimentos dos títulos aumentaram e os preços da energia estão caindo rapidamente, o que aponta na direção de aliviar a pressão dos preços.

Mas a perspectiva está longe de ser clara. A Europa deve retaliar as tarifas, o que certamente aumentará os preços.

É provável que um mundo fragmentado também aumente os custos para as empresas e eleve a inflação, enquanto o aumento dos gastos com defesa também pode impulsionar a demanda agregada e, portanto, os preços.

"Foi argumentado que os altos níveis de incerteza (...) exigiam cautela na definição de políticas e, especialmente, na comunicação", acrescentou o BCE.

(Reportagem de Balazs Koranyi)

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