Por Francesco Guarascio
BRUXELAS (Reuters) - A Comissão Europeia cortou suas previsões para o crescimento econômico da zona do euro neste ano e no próximo e elevou suas estimativas de inflação nesta quinta-feira, em grande parte devido ao impacto da guerra na Ucrânia.
Em suas previsões trimestrais, Bruxelas confirmou a perspectiva mais pessimista, que já havia discutido com os ministros das Finanças da zona do euro na segunda-feira.
O braço executivo da União Europeia (UE) agora prevê um crescimento de 2,6% neste ano para o bloco monetário de 19 países, um pouco abaixo da taxa de 2,7% que havia previsto em maio.
Mas, no próximo ano, quando o impacto da guerra na Ucrânia e dos preços mais altos da energia pode ser sentido de forma ainda mais aguda, o crescimento deve ser de 1,4%, contra taxa de 2,3% estimada anteriormente.
"Uma tempestade é possível, mas não estamos lá no momento", disse o comissário de economia da UE, Paolo Gentiloni, observando que a queda do euro para a paridade em relação ao dólar é uma grande preocupação, principalmente para as economias em desenvolvimento, mais do que para a zona do euro, porque o euro estava se valorizando em relação a outras moedas importantes.
Para os 27 países da União Europeia, a previsão de crescimento permaneceu em 2,7% para este ano, mas foi revisada a 1,5% para 2023, de 2,3% antes.
Em uma grande mudança, a Comissão também elevou suas estimativas para a inflação da zona do euro, que neste ano deve atingir um pico de 7,6% antes de arrefecer para 4,0% em 2023.
Em maio, a Comissão previa que os preços na zona do euro subiriam 6,1% neste ano e 2,7% em 2023.
Bruxelas alertou que a inflação pode subir ainda mais se os preços do gás dispararem devido a um corte de oferta da Rússia, o que poderia levar a uma nova revisão para baixo no crescimento.
Apesar dos riscos elevados, a Comissão destacou que não espera que a zona do euro caia em recessão, e que as previsões também podem melhorar se as recentes baixas nos preços do petróleo e das matérias-primas continuarem.
O crescimento da Alemanha, a maior economia da UE, deve desacelerar para 1,4% neste ano e 1,3% em 2023. A Comissão previa em maio expansões de 1,6% e 2,4%, respectivamente.
A França deve crescer 2,4% neste ano, em vez dos 3,1% previstos anteriormente. No ano que vem, a expansão provavelmente desacelerará ainda mais, para 1,4%, contra taxa de 1,8% prevista em maio.
Entre as três maiores economias do bloco, a Itália é a única cujo crescimento deste ano foi revisado para cima, a 2,9%, em vez dos 2,4% estimados em maio. No entanto, espera-se que o país experimente uma desaceleração acentuada em 2023, quando deve avançar apenas 0,9%, menor taxa da zona do euro e abaixo da previsão anterior de 1,9%.