Investing.com - O Ibovespa encerrou a sessão de hoje com leve alta de 0,3% aos 84.163 pontos e encerrou a sequência de cinco pregões consecutivos de perdas. O índice conseguiu recuperar o piso de 84 mil pontos, perdido ontem com o tombo de Wall Street.
O clima ficou mais positivo com a alta nos índices dos EUA e embalado pela forte valorização no petróleo, que alcançou o maior valor em três semanas, empurrando a Petrobras (SA:PETR4) para ganhos de 1,1%.
As siderúrgicas ficaram no topo nesta terça-feira com a expectativa de uma isenção da taxa de importação dos EUA. Gerdau (SA:GGBR4) ganhou 4,7%, seguida por Metalúrgica Gerdau (SA:GOAU4) (+3,5%), Usiminas (SA:USIM5) (+3,3%) e CSN (SA:CSNA3) (+1,9%).
A Ecorodovias (SA:ECOR3) ficou entre os principais destaques negativos com perdas de 3% com noticiário de que o conselho aprovou orçamento de capital de R$ 1,24 bilhão em 2018 e pagamento de dividendos aos acionistas de R$ 372,86 milhões.
A Eternit (SA:ETER3), que não faz parte do Ibovespa, encerrou em baixa de 7%, após a empresa produtora de material para construção entrar com pedido recuperação judicial em São Paulo.
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Veja os principais temas do calendário econômico que deverão movimentar o mercado nesta quarta-feira:
Copom: Portas abertas para novo corte?
Os dados mais recentes da economia brasileira, que mostram inflação persistentemente baixa e uma recuperação mais frágil, criaram o cenário para que o Copom reduzisse novamente as taxas de juros em 0,25 p.p., o que levaria a Selic para a mínima recorde de 6,5%.
O corte é compatível com a ata da última reunião, quando o BC disse que “a continuidade do ambiente com inflação subjacente em níveis confortáveis ou baixos, com intensificação do risco de sua propagação, abriria espaço para essa flexibilização adicional”. Desde o encontro dos diretores, foram publicados os números do IPCA de janeiro, em 2,86%, e de fevereiro, 2,84%, ambos no acumulado em 12 meses. Os valores seguem abaixo do piso de 3% – 1,5 p.p. da meta anual de 4,5% – e o boletim Focus mostra que o mercado projeta a inflação bem inferior à meta no final do ano.
A grande dúvida do mercado passou a ser se o Banco Central ainda vê espaço para mais cortes caso a inflação siga sem retomar força. Os analistas buscarão no comunicado que será divulgado às 18h desta quarta-feira uma indicação clara de que o Copom encerrou o ciclo de corte de juros ou se os diretores deixarão a porta aberta para uma nova redução, enquanto aguardam dados da economia dos próximos meses.
Analistas do Itaú (SA:ITUB4) não veem espaço para novos cortes abaixo de 6,5%, mas Santander (SA:SANB11) e Fibria (SA:FIBR3) acreditam que o BC não sinalizará definitivamente o fim dos cortes.
Após o comunicado do Copom, os investidores se voltarão para os números do IPCA-15 que será publicado na sexta-feira. A expectativa do mercado é de nova queda nos dados em 12 meses para 2,82% em março, de 2,86% em fevereiro. Desde julho de 2017, o mercado foi surpreendido por números mais baixos do que as projeções em 6 dos 8 meses.
Federal Reserve: 3 ou 4 altas em 2018
Em situação exatamente oposta ao nosso BC, a expectativa dominante para o Fed é de alta de juros para o alvo entre 1,5%-1,75%, no primeiro movimento de aperto monetário em 2018. Por lá, a dúvida está se o banco indicará se poderá acelerar o ritmo de aumento de juros.
Os dados da economia norte-americana têm surpreendido positivamente, especialmente no mercado de trabalho, apesar de a inflação ainda não ter tocado na meta de 2%.
O balizamento das apostas do mercado se dará com a análise da revisão do cenário de crescimento e inflação, publicado após a reunião, e da entrevista coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell.
A última revisão de cenário – chamado dot-plot – foi realizada em dezembro, quando o Federal Reserve apontou para três altas de juros em 2018. O Goldman Sachs disse hoje que espera quatro altas em 2018 e um ‘caminho mais hawkish’ em 2019.
Hoje, 93% das apostas estão em alta de juros na reunião que se inicia amanhã, que seria seguida de nova elevação em junho. Esse segundo aumento está precificado por 80% do mercado. A terceira alta do ano ocorreria já em setembro, com 56% apostando nesse cenário. Uma possível quarta alta em dezembro ainda não convenceu a maioria do mercado, com 62% apostando em manutenção contra 38% vendo novo aumento, de acordo com o Monitor da Taxa de Juros do Fed do Investing.com.
Petróleo bullish ou bearish com estoques
O contrato futuro do WTI para entrega em maio fechou nesta terça-feira em seu maior patamar em três semanas ao subir 2,2% a US$ 63,40 o barril. Os investidores viraram a mão para uma direção de alta após o presidente Donald Trump indicar que poderá apertar as sanções ou até mesmo retirar os EUA do acordo nuclear o Irã, em meio a visita do príncipe da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman, rival regional do país persa.
“O acordo do Irã está chegando. Provavelmente em um mês e vocês vão ver o que eu vou fazer”, disse Trump.
O Brent encerrou a sessão com ganhos de 2,1% aos US$ 67,41 o barril.
O clima bullish no petróleo, contudo, pode se encerrar após nova rodada de dados do mercado norte-americano que serão publicados amanhã. O mercado aposta em aumento de 2,55 milhões de barris nos estoques de petróleo.
As atenções também se voltarão para os dados de produção do país, atualmente em níveis recordes, e para os números de estoques de gasolina, indicativo da força da demanda por combustíveis.