Investing.com - A bolsa zerou os ganhos da semana com um tombo nesta quinta-feira (21/6) provocado por uma sequência de notícias negativas que pesaram sobre Petrobras e os bancos, amplificado por cenário negativo no exterior em meio ao recuo de Wall Street, emergentes e commodities.
O Ibovespa recuou 2,84% e caiu para os 70.074 pontos perto da mínima do dia, com 56 papéis no terreno negativo, contra 10 altas. No acumulado desde segunda-feira, o índice passou a registrar perdas e se encaminha para a sexta semana seguida de desvalorização.
Os investidores adotaram um tom pessimista desde a abertura do pregão em um dia marcado pelo noticiário negativo.
A Petrobras (SA:PETR4) afundou 6,8% a R$ 15,10 e voltou ao patamar de quinta-feira da semana passada em meio ao julgamento bilionário no TST. A companhia poderá ter que desembolsar R$ 17,2 bilhões caso perca o processo.
Os bancos empurraram o Ibovespa para baixo com perdas de 5% no Santander (SA:SANB11), 4,1% do Bradesco (SA:BBDC4), 3,7% no Banco do Brasil (SA:BBAS3) e 2,9% no Itaúsa (SA:ITSA4). Além do ambiente negativo, os investidores repercutiram a percepção de que o cadastro positivo só será votado em julho no Congresso, contrariando a expectativa de que o tema fosse concluído ainda nesta semana. O IFNC perdeu 2,8%.
O maior tombo do dia veio da Eletrobras (SA:ELET3) que recuou 8,3% e foi a R$ 12,38, menor valor em quase um ano. O driver foi o adiamento do projeto de lei que viabiliza a venda das distribuidoras da holding. O leilão está marcado para 26 de julho, mas poderá não ocorrer se não houver acordo para aprovação do projeto.
Na ponta positiva, a Braskem (SA:BRKM5), que avançou 4% a R$ 51,22. Ontem, a empresa informou que as operações retornaram à normalidade após a greve dos caminhoneiros. No radar, está a negociação da venda para a holandesa LyondellBasell.
O dólar terminou a R$ 3,76, queda de 0,5% ante o real, após duas atuações do Banco Central no mercado de câmbio e ainda sob influência do exterior, onde a moeda norte-americana operava em baixa ante divisas de emergentes.
O tom menos otimista do Copom ontem empurrou a curva de juros, que registrou novas altas nos prazos mais longos. Em seu comunicado após a reunião, os diretores retiraram a frase “"para as próximas reuniões, o Comitê vê como adequada a manutenção da taxa de juros no patamar corrente" presente no documento anterior, o que sinaliza que o BC pode estar abrindo espaço para elevação da Selic no médio/longo prazo.
Os juros DI para janeiro de 2019 e de 2020 avançaram 0,1 p.p. para 7,045% e 8,68%, respectivamente.
O risco Brasil medido pelo CDS de 5 anos ficou em 265,8 pontos, ligeiramente abaixo dos 268,3 de ontem.
Exterior pesa
O dia também foi negativo no exterior com a aversão a risco com a continuidade da guerra comercial. Os países emergentes recuaram 1,43% no índice MSCI (NYSE:EEM).
O Dow 30 caiu 0,80% para 24.461 pontos, seguido por perdas de 0,63%, a 2.749 pontos no S&P 500. O Nasdaq recuou 0,88% para 7.712 pontos.
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Veja os principais temas do calendário econômico que deverão movimentar o mercado nesta sexta-feira:
Julgamento bilionário impacta Petrobras
O Tribunal Superior do Trabalho poderá concluir ainda na noite desta quinta-feira o julgamento do processo bilionário movido pelos trabalhadores, na maior ação do tipo da história da companhia.
Às 18h40, o placar estava com 10 votos favoráveis aos trabalhadores e 8 para a Petrobras. Participam 25 ministros, e a vitória será garantida com maioria simples de 13 ministros. Cabe recurso ao próprio TST e, posteriormente, ao STF.
A causa tem valor estimado de R$ 17 bilhões, pois deverá ser aplicada a mais de 7 mil ações semelhantes que correm na Justiça do Trabalho, com a correção de salário de mais de 50 mil funcionários.
Em discussão, está a chamada Remuneração Mínima de Nível e Regime (RNMR), fixada em 2007 em acordo coletivo para equilibrar as faixas salariais dentro da empresa. Trabalhadores e a Petrobras divergem da base de cálculo utilizado, já que os funcionários exigem que os adicionais sejam incluídos para definir esse complemento.
O Jota noticiou ontem que a tendência seria de vitória da Petrobras, mas os investidores impuseram um dia de grandes perdas para a companhia. A ação recuou 6,8% para R$ 15,10.
Decisão da Opep
O cartel de petróleo e os grandes exportadores liderados pela Rússia deverão anunciar os termos da revisão do acordo de corte de produção, que está em vigor desde janeiro de 2017.
A expectativa majoritária é que os países decidam ampliar a oferta global da commodity com o argumento de que os estoques estão em um nível adequado e que o aumento sazonal de demanda por combustíveis no verão do Hemisfério Norte poderia provocar um desabastecimento.
A grande dúvida do mercado é o tamanho do aumento de produção que será anunciado, já que os principais líderes do acordo passaram as últimas semanas divergindo publicamente.
Enquanto a Rússia defende um forte aumento da casa de 1,5 milhão de barris/dia – reduzindo o corte para 300 mil barris/dia dos 1,8 milhão de barris/dia em vigor –, o Irã sustentava uma posição contrária a qualquer aumento. O país persa busca evitar a queda da cotação do petróleo para amenizar o impacto em suas receitas da esperada redução do volume de vendas e de preço de seu produto com a iminente reimposição das sanções norte-americanas.
O ministro da Energia da Arábia Saudita, Khalid al-Falih, porém, disse que os membros da Opep e não membros estavam perto de chegar a um acordo para elevar a produção de petróleo.
Sauditas e russos buscam recuperar parte da sua fatia do mercado com a esperada queda na produção iraniana e da Venezuela, enquanto competem com o crescente aumento de produção dos EUA.
No final do dia, a Baker Hughes publica seu relatório semanal com o número de sondas em operação nos EUA, um barômetro da atividade do setor e indicativo da produção futura do país.
PMI de Serviço e Indústria nos EUA e Europa
Uma atualização no setor industrial e de serviços dos EUA e Europa completa a lista dos principais eventos econômicos da semana.
O índice de gerentes de compras (PMI) do setor industrial será publicado amanhã às 10h45 e a expectativa do mercado é de uma leitura preliminar de 56,4 pontos para junho, ligeira queda frente aos 56,4 do mês anterior. O PMI de serviços deverá mostrar uma leitura de 56,4 pontos, recuo ante 56,8 de maio, enquanto o PMI composto deverá ficar em 55,1 pontos, contra 56,6 no mês anterior.
Os dados econômicos dos EUA até agora ficaram em segundo plano nesta semana em meio a crescentes preocupações com a guerra comercial, já que tanto os EUA quanto a China estavam envolvidos em uma disputa tarifária direta.
A tarifa norte-americana de US$ 50 bilhões em importações chinesas está prevista para entrar em vigor em 6 de julho, mas o mercado ainda segue otimista, segundo o BNY Mellon.
"Se o prazo iminente de 6 de julho aumenta ou não as chances de uma escalada economicamente desestabilizadora ainda vamos verificar, apesar de sentirmos que os mercados permanecem cautelosamente otimistas em relação a essas perspectivas", disse analistas do BNY Mellon em um e-mail a clientes.
O Dow Jones fechou em baixa pelo oitavo dia consecutivo aos 24.461 pontos, queda de 0,80%.
A Europa também publica dados de PMI com a expectativa de números mais fracos. O PMI industrial deverá ceder para 55,0, ante 55,5; enquanto a estimativa para o PMI composto é de recuo para {{ecl1491|53,9}}, frente a 54,1; e para o PMI de serviços a projeção é de queda para 53,7, contra 53,8.
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Veja todos os eventos que poderão mexer com o mercado no calendário econômico do Investing.com Brasil