Investing.com - O Ibovespa não resistiu ao pessimismo do mercado com a política local após rodada de pesquisas do Datafolha mostrar que os candidatos abertamente reformistas ainda patinam nas intenções de voto e cedeu acompanhando, também, o movimento de baixa das commodities e sinais de que a economia brasileira segue com fraca recuperação.
O índice recuou 1,75% e fechou a 82.861 pontos, o menor valor desde 9 de fevereiro.
O pessimismo do mercado refletiu a leitura da pesquisa do Datafolha, que mostrou um cenário bastante indefinido com Lula permanecendo à frente, mas perdendo força. Dificilmente o petista será autorizado a concorrer pelo TSE e sua liderança vai dando espaço a projeções de uma grande dispersão de votos entre os postulantes à presidência e um número alto de eleitores indecisos.
Os candidatos que apoiam abertamente a revisão na reforma da Previdência e o teto de gastos ainda patinam nas pesquisas. O tucano Geraldo Alckmin conta com apenas 8% das intenções em seu melhor cenário e os demais – Meirelles, Amoedo Temer e Flávio Rocha – contam com muito espaço na imprensa e pouco interesse da população.
Em um cenário sem Lula, Marina Silva, da Rede, e Jair Bolsonaro, do PSL, empatam, com vantagem para a ambientalista em cenários de segundo turno.
Mais cedo, o Banco Central mostrou que a atividade da economia brasileira está mais fraca do que se previa com o IBC-Br avançando apenas 0,09% em fevereiro, contra expectativa de -0,15%.
No exterior, o pregão foi de ganhos em Wall Street com a menor tensão após os ataques limitados dos EUA à Síria. Dow 30 avançou 0,9%, enquanto o S&P 500 subiu 0,8% e o Nasdaq, 0,7%.
O clima mais ameno pesou sobre o petróleo, que recuou 1,7% depois da alta de 8,5% na semana passada. Na China, o minério de ferro fechou em baixa de 2,7%.
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Veja os principais temas do calendário econômico que deverão movimentar o mercado nesta terça-feira, 17 de abril:
Ibovespa: Lateralização ou perda do suporte?
A queda do Ibovespa de hoje azedou o ânimo dos investidores e derrubou o índice abaixo de 83.000 pontos que respeitava desde 14 de fevereiro. No radar, está a reprecificação do cenário local com uma economia mais fraca e o desempenho decepcionante das candidaturas pró-reformas após a pesquisa do Datafolha divulgada no domingo.
O pregão negativo levou o índice à mínima de um mês e se descolou de Wall Street, que operou o dia inteiro no azul. Contribuiu para o clima pessimista a retração nas commodities, com recuo de 1,7% no petróleo e de 2,7% no minério de ferro.
Para esta terça-feira, o mercado acompanhará se o índice respeitará o suporte dos 82.800 pontos e retornará para o canal lateral dos últimos dois meses ou se abrirá espaços para mais perdas, na direção dos 80 mil pontos.
PIB chinês mexe com commodities
Na madrugada de hoje, a China publicará o crescimento do PIB no primeiro trimestre. O gigante asiático será a primeira das principais nações a mostrar os números da economia.
A expectativa é que o país mostre a manutenção do ritmo de crescimento registrado no final do ano passado, com avanço anual de 6,8%.
A nação asiática também publicará dados de março sobre produção industrial, com expectativa de desaceleração para 6,4% em março, frente aos 7,2% de fevereiro e uma manutenção no crescimento de 9,7% nas vendas no varejo.
Os números da China têm impacto na formação do preço das commodities e um número distante das previsões do mercado poderá provocar volatilidade nas cotações agrícolas e metais, com especial atenção ao minério de ferro e ao vergalhão de aço, que mexem com o humor dos investidores de Vale (SA:VALE3) e siderúrgicas.
Os números da balança comercial divulgados na semana passada mostraram que as exportações chinesas caíram inesperadamente em março, resultando em um raro déficit comercial. No entanto, a maioria dos analistas atribuiu a isso fatores sazonais e afirmaram que seria muito cedo para chamar de uma tendência.
Dados imobiliários, produção industrial e diretores do FOMC nos EUA
O Departamento de Comércio dos EUA publica às 9h30 o número de licenças de construção, com a expectativa de alta de 0,7%, recuperação frente aos -4,1% de fevereiro. A taxa anual ajustada sazonalmente deverá ser de 1,33 milhão de unidades. Já as licenças para novas residências deverão ter aumentado 1,9%, depois de afundar -7% no mês anterior, para 1,27 milhão de unidades.
A produção industrial será publicada às 10h15 e a expectativa do mercado é de avanço de 0,3% em março, redução no ritmo frente aos 0,9% de fevereiro.
Em meio à bateria de dados, os investidores dividirão seu foco após os discursos de diretores do Federal Reserve.
O presidente do Federal Reserve de São Francisco, John William, discursará às 10h15, enquanto o vice-presidente de Supervisão do Federal Reserve Randal Quarles fala às 11h.
À tarde, o presidente do Fed de Filadélfia, Patrick Harker, discursará às 12h e o presidente do Fed de Chicago, John Evans, às fala às 14h30.
O presidente do Banco Federal de Reserva de Atlanta, Raphael Bostic, encerra o dia com um discurso às 18h40.
De acordo com o Monitor das Taxas do Fed do Investing.com, cerca de 98% dos traders esperam que o Federal Reserve aumente as taxas em junho, em comparação aos 84% da semana anterior.