Investing.com - Discussões sobre geopolítica e sobre o comércio provavelmente manterão os investidores atentos nesta semana enquanto eles observam mais acontecimentos na Síria e avaliam o possível impacto da efervescente disputa comercial entre Estados Unidos e China.
Notícias de Washington D.C. também serão importantes mobilizadores de ânimos nesta semana em meio a informações de que Donald Trump, presidente norte-americano, irá demitir o procurador-geral Rod Rosenstein. Analistas disseram que Trump poderia tentar substituir Rosenstein por alguém que limitaria o escopo da investigação do procurador especial Robert Mueller para ficar concentrada em apenas conluio com a Rússia.
A semana a seguir também marca a primeira grande semana da temporada de resultados do primeiro trimestre em Wall Street, com nomes como Goldman Sachs, IBM e Johnson and Johnson preparadas para divulgar seus números.
Há também alguns dados dos EUA nesta semana, com as vendas no varejo no topo da lista de relatórios econômicos.
Já na Ásia, a China está preparada para divulgar seus dados sobre o crescimento no primeiro trimestre, que serão atentamente observados.
E na Europa, investidores irão se concentrar nos dados da inflação do Reino Unido na busca de mais indicações sobre a probabilidade do Banco da Inglaterra elevar as taxas de juros neste ano.
Antes da semana que está por vir, a Investing.com compilou uma lista com os cinco maiores eventos do calendário econômico com grandes chances de afetar os mercados.
1. Consequências da Síria?
Estados Unidos, Grã-Bretanha e França bombardearam a Síria em um ataque aéreo coordenado na sexta-feira à noite, no que foi chamado de maior intervenção na guerra civil da Síria por potências ocidentais desde o início do conflito em 2011.
Os ataques aéreos ocorreram em resposta a um suposto ataque com armas químicas, cuja execução acredita-se ser de responsabilidade de força alinhadas ao governo do presidente Sírio, Bashar al-Assad, em Duma, cidade controlada por rebeldes sírios.
O presidente Donald Trump saudou a intervenção conduzida pelos EUA na Síria como "perfeitamente executada" em um tuíte no sábado, acrescentando que a campanha militar para degradar o potencial de armas químicas do regime de Assad atingiu seus objetivos.
A declaração de Trump surgiu enquanto a Rússia, que apoia o governo de Assad no conflito, denunciava a campanha de bombardeio sem disfarçar o desprezo. Vladimir Putin, presidente russo, chamou a intervenção de um "ato de agressão" ao passo que o embaixador da Rússia nos EUA alertou sobre "consequências".
A disputa em relação à Síria foi a mais recente divisão entre o Ocidente e a Rússia, que tem se envolvido em várias controvérsias com governos ocidentais.
Os ânimos do mercado poderiam ser atingidos nesta semana se houver uma escalda na guerra de palavras entre Washington e Moscou.
2. Início da temporada de resultados dos EUA no 1º tri em alta velocidade
Algumas empresas constituintes do Dow divulgarão balanços nesta semana, juntamente com dezenas de constituintes do S&P 500, no que será a primeira grande semana da temporada de resultados do primeiro trimestre.
As projeções de crescimento nos resultados são de 18,5%, de acordo com dados da Thomson Reuters. É o maior em sete anos e os resultados provavelmente foram impulsionados pelos cortes nos impostos feitos por Donald Trump.
Bank of America (NYSE:BAC) apresenta seu balanço na segunda-feira, em conjunto com a Netflix (NASDAQ:NFLX), queridinha do setor de tecnologia.
Na terça-feira, Goldman Sachs (NYSE:GS), IBM (NYSE:IBM), Johnson & Johnson (NYSE:JNJ) e UnitedHealth (NYSE:UNH) divulgarão resultados.
Na quarta-feira, Morgan Stanley (NYSE:MS) e American Express (NYSE:AXP) apresentam seus números.
Philip Morris (NYSE:PM) e Blackstone (NYSE:BX) estarão na pauta de quinta-feira.
Por fim, resultados corporativos de Procter & Gamble (NYSE:PG), General Electric (NYSE:GE) e Honeywell (NYSE:HON) fecham a semana na sexta-feira.
Os três primeiros grandes bancos que apresentaram resultados na sexta-feira, JPMorgan Chase (NYSE:JPM), Citigroup (NYSE:C) e Wells Fargo (NYSE:WFC), superaram as expectativas. No entanto, suas ações estavam em baixa uma vez que fortes resultados já estavam precificados.
Além de balanços, ações do setor financeiro podem ser sensíveis a manchetes desta semana pois Randal Quarles, diretor do Fed, irá depor perante comissões da Câmara e do Senado dos EUA na terça-feira e na quinta-feira a respeito de regulamentação bancária. Na semana passada, o Fed afirmou que os bancos deveriam ter permissão de ter mais alavancagem.
As bolsas norte-americanas fecharam em baixa na sexta-feira, já que resultados de grandes bancos não conseguiram gerar entusiasmo e o conflito na Síria deixou os investidores ainda mais nervosos.
Apesar da queda de sexta-feira, as médias mais importantes ainda registraram fortes ganhos na semana. O Dow e o S&P 500 avançaram 1,8% e 2%, respectivamente, ao passo que a Nasdaq teve alta de 2,8%.
3. Vendas no varejo dos EUA
O Departamento de Comércio divulgará dados de março sobre vendas no varejo às 09h30 da próxima segunda-feira.
O consenso das previsões é de que o relatório mostrará que as vendas no varejo tiveram alta de 0,4% no mês passado, recuperando-se após a redução de 0,1% em fevereiro.
O núcleo das vendas no varejo tem projeções de aumento de 0,2%, mesmo aumento do mês anterior.
Vendas no varejo crescentes com o tempo estão relacionadas com crescimento econômico mais forte, ao passo que vendas fracas sinalizam economia em declínio. Os gastos dos consumidores são responsáveis por cerca de 70% do crescimento econômico norte-americano.
Além do relatório de vendas no varejo, o calendário desta semana também trará dados norte-americanos sobre alvarás de construção, construção de novas casas, produção industrial, e também estudos sobre as condições manufatureiras nas regiões de Filadélfia e Nova York.
Com relação ao banco central, o Livro Bege do Federal Reserve estará em foco.
Além disso, agentes do mercado também estarão muito atentos a comentários feitos por integrantes do Fed em discursos nesta semana na busca de indícios sobre a perspectiva de política monetária.
No topo da agenda estarão os comentários de John Williams, presidente do Federal Reserve Bank de São Francisco, que em junho irá assumir o cargo de presidente do Federal Reserve de Nova York.
O novo dirigente irá assumir o lugar de William Dudley, que no ano passado anunciou que deixaria o cargo em meados de 2018 e seu último dia será 17 de junho.
Discursos de Raphael Bostic, chefe do Fed de Atlanta, Patrick Harker, presidente do Fed de Filadélfia, Charles Evans, presidente do Fed de Chicago, Dudley, do Fed de Nova York e Lael Brainard, diretora do Fed também estarão em foco.
No mês passado, o Fed elevou as taxas de juros e manteve sua projeção de três aumentos neste ano.
Operadores de futuros apostam em cerca de 95% de chances de aumento da taxa de juros em junho, de acordo com o Monitor da Taxa da Reserva Federal do Investing.com. Apostas de um terceiro aumento em dezembro estão em cerca de 85%.
4. PIB da China no 1º tri
A China será a primeira entre as maiores economias globais a divulgar o crescimento do primeiro trimestre ao publicar seus números do PIB por volta de 23h de segunda-feira.
Espera-se que o relatório mostre que a segunda maior economia do mundo cresceu 6,8% no período de janeiro a março pelo terceiro trimestre consecutivo, seguindo o ritmo de 2017.
A nação asiática também publicará dados de março sobre produção industrial, investimento em ativos fixos e vendas no varejo juntamente com o relatório do PIB.
Os números da balança comercial divulgados na semana passada mostraram que as exportações chinesas caíram inesperadamente em março, resultando em um raro déficit comercial. No entanto, a maioria dos analistas atribuiu a isso fatores sazonais e afirmaram que seria muito cedo para chamar de uma tendência.
Enquanto isso, investidores irão continuar avaliando se uma série de respostas retaliatórias entre EUA e China irá acabar em negociações ou em uma guerra comercial plena entre as duas maiores economias do mundo.
5. Números do IPC do Reino Unido
O Escritório de Estatísticas Nacionais do Reino Unido (ONS, na sigla em inglês) divulgará dados sobre a inflação dos preços ao consumidor em março na próxima quarta-feira às 05h30.
Analistas esperam que o IPC anual permaneça estável em 2,7%, ao passo que o núcleo da inflação tem projeções de leve alta de 2,4% para 2,5%.
Além do relatório da inflação, investidores irão se concentrar nos dados mensais sobre empregos e vendas no varejo, previstos para terça-feira e quinta-feira, na busca de mais indicações sobre o efeito contínuo que a decisão do Brexit está tendo sobre a economia.
O Banco da Inglaterra manteve as taxas de juros sem alteração no mês passado, mas dois integrantes da instituição inesperadamente votaram a favor de um aumento, reforçando a perspectiva de que os custos de crédito irão subir em maio pela segunda vez desde a crise financeira de 2008.
A política provavelmente também estará em foco, especialmente com as negociações do Brexit entrando em uma fase crucial com apenas um ano até o prazo para se chegar a um acordo oficial.
Embora a economia do Reino Unido esteja atrasada em relação à recuperação global, ela se mostrou melhor do que as previsões sombrias feitas no momento da decisão de 2016 de deixar a União Europeia.
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