Por Friederike Heine e Andreas Rinke
BERLIM (Reuters) - O Parlamento alemão aceitou o convite do chanceler Olaf Scholz para retirar sua confiança nele e em seu governo nesta segunda-feira, abrindo caminho para uma eleição antecipada em 23 de fevereiro, exigida pelo colapso de seu governo.
A coalizão tripartite de Scholz se desfez no mês passado, após os democratas livres, pró-mercado, abandonarem o governo em uma disputa em torno da dívida, deixando os social-democratas (SPD) e os verdes sem maioria parlamentar, bem no momento em que a Alemanha enfrenta uma crise econômica cada vez mais profunda.
De acordo com as regras criadas para evitar uma instabilidade como a que facilitou a ascensão do fascismo na década de 1930, o presidente Frank-Walter Steinmeier pode dissolver o Parlamento e convocar uma eleição apenas se o chanceler convocar e perder um voto de confiança. O debate que precedeu a votação também abriu a campanha para a eleição, com os líderes dos partidos trocando farpas mal-humoradas.
O chanceler e seu adversário conservador, Friedrich Merz, que segundo as pesquisas provavelmente o substituirá, trocaram acusações de incompetência e falta de visão.
Scholz, que chefiará um governo provisório até que um novo possa ser formado, defendeu seu histórico como líder em uma crise que precisou lidar com a emergência econômica e de segurança desencadeada pela invasão em grande escala da Rússia na Ucrânia em 2022.
Se lhe for dado um segundo mandato, ele disse que investirá pesadamente na infraestrutura precária da Alemanha, em vez de fazer os cortes de gastos que ele afirmou que os conservadores querem.
"Miopia pode economizar dinheiro no curto prazo, mas não pode pagar a hipoteca do nosso futuro", disse Scholz, que atuou quatro anos como ministro das Finanças em uma coalizão anterior com os conservadores antes de se tornar chanceler em 2021.
Merz disse a Scholz que seus planos de gastos sobrecarregariam as gerações futuras e o acusou de não cumprir as promessas de rearmamento após o início da guerra na Ucrânia.
"Assumir dívidas às custas da geração jovem, gastar dinheiro -- e você não disse a palavra 'competitividade' nenhuma vez", disse Merz.
Nenhum dos dois mencionou o teto constitucional de gastos, uma medida criada para garantir a responsabilidade fiscal que muitos economistas culpam pelo estado de desgaste da infraestrutura da Alemanha.
CONSERVADORES LIDERAM PESQUISAS
Os conservadores têm uma vantagem confortável, embora cada vez menor, de mais de 10 pontos sobre o SPD na maioria das pesquisas. O partido Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, está ligeiramente à frente da legenda de Scholz, com os verdes em quarto lugar.
Os partidos tradicionais têm se recusado a governar com o AfD, mas sua presença complica a aritmética parlamentar, tornando mais provável a formação de coalizões difíceis de manejar.