CNPE discute alta da mistura de biodiesel e etanol anidro na quarta, dizem fontes

Publicado 23.06.2025, 11:22
Atualizado 23.06.2025, 20:30
© Reuters. Funcionário segura bomba de combustível em posto em São Paulon08/11/2016nREUTERS/Paulo Whitaker

Por Marcela Ayres e Marta Nogueira

BRASÍLIA/RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) discutirá na próxima quarta-feira um aumento da mistura de etanol anidro na gasolina dos atuais 27% para 30%, de acordo com fontes do governo com conhecimento do assunto.

Além disso, o conselho de ministros para aconselhamento do presidente da República deverá debater no mesmo dia a elevação da mistura de biodiesel no diesel dos atuais 14% para 15%, segundo as fontes.

Procurado, o Ministério de Minas e Energia, que preside o CNPE, não comentou imediatamente sobre a pauta do encontro.

Havia expectativa de que uma decisão sobre o assunto fosse tomada até o final do segundo trimestre, após o governo ter adiado o aumento da mistura do biodiesel, inicialmente previsto para março, citando preocupações inflacionárias.

Uma mistura maior de combustíveis renováveis nos fósseis é observada de perto pelos mercados de açúcar, milho e soja, já que o adoçante compete por cana usada no processo produtivo de etanol, enquanto o cereal também é matéria-prima crescente para o biocombustível no Brasil.

O óleo de soja já é a principal fonte para a produção de biodiesel, com mais de 75%. Uma mistura maior poderia estimular um aumento do esmagamento da oleaginosa no Brasil, que colheu uma safra recorde de soja em 2025.

Para os analistas de inteligência de mercado da StoneX Marcelo Di Bonifácio e Rafael Borges, se uma nova mistura E30 começar a valer a partir de julho, isso significaria uma demanda adicional no ano entre 0,8 bilhão e 1 bilhão de litros de anidro, "já contabilizando tanto o impacto direto em si do aumento de mistura quanto a possibilidade de um aumento no consumo de gasolina frente ao etanol hidratado", concorrente da gasolina vendida nos postos.

De outro lado, a medida tende a encarecer o álcool nas bombas, com a possibilidade de menor consumo entre 0,7-0,9 bilhão de litros do hidratado, segundo eles.

"No geral, olhando para etanol total, se tem uma perspectiva mista, de maior consumo de anidro, mas possibilidade de perda de competitividade do hidratado nas bombas."

Em fevereiro, a consultoria StoneX citou que um avanço da mistura obrigatória de biodiesel para 15% ante 14% e o crescimento da demanda por diesel garantiriam um consumo adicional de mais de 1 bilhão de litros de biodiesel, para mais de 10 bilhões de litros, considerando na época que a mistura maior valeria a partir de março, algo que não aconteceu.

No caso da mistura B15, o consumo do biodiesel poderia verificar um incremento superior a 350 milhões de litros frente ao esperado anteriormente, a depender do desempenho das vendas do diesel B, segundo o analista de inteligência de mercado da StoneX Leonardo Rossetti.

"Vale destacar que o cenário impactaria o consumo de óleo de soja, que poderia avançar entre 250 e 300 mil toneladas", afirmou. No entanto, em caso de decisão por ir adiante com o B15, ele avalia que a implementação poderia ocorrer somente a partir de setembro, dada a proximidade com julho e o fato de que as usinas estão praticamente finalizando a negociação para os fees do quarto bimestre.

"Nesse caso, estaríamos falando de uma demanda por biodiesel de mais de 200 mil metros cúbicos (200 milhões de litros) em relação ao esperado, com a demanda do óleo de soja se aproximando das 200 mil toneladas adicionais."

Nos dois casos, a mistura maior de biocombustível tem potencial de reduzir as importações de gasolina e diesel.

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