Por Jeremy Gaunt e John Mair
LONDRES/SYDNEY (Reuters) - A primeira indicação de como a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia (UE) vai afetar a economia global virá das pesquisas empresariais, com os dados mais objetivos em seguida --uma defasagem que aumenta a incerteza em relação ao crescimento.
Antes do referendo na quinta-feira, a maioria das instituições econômicas globais haviam alertado sobre danos colaterais no caso de o Reino Unido sair da UE, com o Fundo Monetário Internacional (FMI) listando a votação como um importante risco global.
Bancos centrais reconhecem os perigos e deixaram claro que vão acionar suas ferramentas para acalmar os mercados.
O FMI pediu uma transição suave e os líderes financeiros do G7 disseram em comunicado que estão monitorando os desdobramentos do mercado, reconhecendo que movimentos desordenados nas taxas de câmbio podem prejudicar a estabilidade econômica e financeira.
Os alertas sobre os riscos à economia global acompanham sinais de que o crescimento em todo o mundo pode estar desacelerando.
Nesta sexta-feira, após a votação, autoridades governamentais e economistas de bancos de investimentos estavam de sobreaviso.
"A economia global estava frágil antes e está mais hoje", escreveram economistas do Citi em relatório.
Mas enquanto mercados financeiros reagem instantaneamente a choques como esse, o impacto mais profundo sobre as economias leva mais tempo. As preocupações daqueles que contratam, comercializam e tomam decisões de investimento podem piorar e aumentar.
"Veremos o impacto nas pesquisas de confiança do consumidor e empresarial inicialmente. Mais tarde vai aparecer nos dados mais objetivos", disse a economista-chefe do Standard Chartered (LON:STAN) Bank Sarah Hewin.
Um foco particular, segundo ela, será os Índices de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês), que acompanha as intenções empresariais globais em indústria e serviços.
Embora não seja certo que a decisão britânica tenha um impacto global tão grande como o FMI e outros tem sugerido, muitos economistas acreditam que isso acontecerá mesmo.
"Na economia real, definitivamente o PIB global será afetado, o PIB dos EUA, o PIB do Japão, o PIB de todo lugar", disse o presidente do Sumitomo Corp Global Research em Tóquio, Bob Takai.