Entenda o impacto da tarifa de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros

Publicado 10.07.2025, 06:40
© Reuters.  Entenda o impacto da tarifa de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), de aplicar uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros que são vendidos ao país norte-americano têm um potencial bilionário de impacto. Só em 2024, o Brasil exportou US$ 40,4 bilhões para os EUA, o que representou 12% do total exportado.

Itens como petróleo e derivados puxam a lista dos mais vendidos aos norte-americanos. No ano passado, totalizou ao menos US$ 7,5 bilhões –ou 18,3% do que foi exportado para os EUA.

O Poder360 fez um levantamento a partir do ComexVis do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços).

Produtos de ferro e aço aparecem em seguida: somaram pelo menos US$ 5,3 bilhões (ou 13,2% do que foi vendido aos norte-americanos).

O setor responsável pela produção de aeronaves e seus equipamentos também será fortemente afetado, caso a taxação passe a valer de fato. Em 2024, exportou US$ 2,7 bilhões (ou 6,7%).

QUANDO COMEÇA A VALER

A medida entra em vigor em 1º de agosto e será aplicada de forma ampla e automática, independentemente do setor ou tipo de mercadoria.

Na prática, isso encarece os produtos do Brasil no mercado norte-americano, podendo reduzir a competitividade de exportadores brasileiros.

A tarifa é adicional a outras já existentes e foi determinada de forma unilateral pelo governo dos EUA.

Trump também determinou a abertura de uma investigação formal contra o Brasil por práticas comerciais consideradas desleais, com base na Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA.

ESPECIALISTAS CRITICAM TAXAÇÃO

Especialistas enxergam a nova taxa de 50% como negativa em vários aspectos. Professor da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), Ecio Costa disse esperar uma desaceleração econômica por causa do movimento de Trump.

“É o momento de baixar a guarda, de chamar o governo americano para sentar e discutir, como diversos outros países fizeram, com o intuito de reverter esse cenário, porque, se não, vai desacelerar fortemente a economia brasileira, porque isso tem um efeito contagioso”, declarou o especialista ao Poder360.

Ecio também espera outros efeitos que podem piorar indicadores do Brasil. Um deles é a desvalorização do dólar. O câmbio mais caro tende a ter efeito na inflação. As importações ficam mais caras e o custo a mais é repassado ao consumidor.

Outro ponto levantado pelo professor é o impacto às empresas brasileiras. Os EUA são grandes compradores de produtos industrializados, que criam mais empregos para a produção.

“E o detalhe que ainda preocupa mais é que nós não somos grandes exportadores de commodities para os Estados Unidos, e sim de produtos industrializados”, disse.

Outra análise é que a taxa de 50% será mais difícil de reverter. A motivação pelo julgamento de Bolsonaro mostra que não são só questões comerciais.

“A situação agora é meramente a perspectiva do que vai acontecer no futuro, porque tem um componente político muito pesado nessa história. Então, é isso que a gente precisa ver, porque isso pode se prolongar muito mais do que com outros países”, diz Jason Vieira, economista-chefe e sócio da LAM (Lev Asset Management).

Trump mencionou na carta de anúncio da taxa uma relação comercial deficitária dos Estados Unidos com o Brasil. Os dados do governo brasileiro mostram o contrário: os norte-americanos são superavitários. Isso significa que os EUA importam mais que exportam para os brasileiros.“Isso é um absurdo, e ele se equivoca ainda mais quando ele fala que é por conta dos déficits que os Estados Unidos carregam com o Brasil. Mentira, porque desde 2009 o Brasil é deficitário na balança comercial com os Estados Unidos”, afirmou Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.

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