Dólar fecha em alta ante o real na contramão do exterior
Por Howard Schneider
WASHINGTON, 1 Dez (Reuters) - O Federal Reserve, às vezes criticado por ser muito orientado para o consenso, pode ter uma série de decisões divididas sobre as taxas de juros, o que pode enfraquecer sua mensagem política e intensificar as dúvidas sobre sua independência da influência política.
Surgiu recentemente uma divisão entre os membros do Fed, uma vez que o progresso da inflação estava estagnado, ao mesmo tempo em que a criação de empregos perdia força, colocando em conflito direto as metas de 2% de inflação e de emprego máximo do banco central dos Estados Unidos.
A recente paralisação do governo complicou ainda mais as coisas ao atrasar os dados que poderiam esclarecer a direção da economia, deixando os formuladores de política monetária antes da reunião de 9 e 10 de dezembro com posições bastante fixas e profundamente divididas sobre a necessidade de novos cortes nas taxas para ajudar o mercado de trabalho ou se são muito arriscados, dado o nível ainda elevado da inflação.
Parece provável que a reunião deste mês produza várias dissidências, independentemente do resultado. Até cinco dos 12 formuladores de políticas com direito a voto do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que estabelece as taxas do banco central, expressaram oposição ou ceticismo em relação a cortes adicionais nas taxas, enquanto um núcleo de três diretores quer que as taxas caiam.
"É possível que você veja o menor ’pensamento de grupo’ que já viu... em muito tempo", disse Christopher Waller, diretor do Fed, no mês passado, em meio a especulações de que a reunião de dezembro poderia produzir três ou mais dissidências se o Fed aprovasse outro corte de 0,25 ponto percentual, conforme esperado pelos mercados financeiros. O Fomc não teve três ou mais dissidências em uma reunião desde 2019, e isso aconteceu apenas nove vezes desde 1990.
O chair do Fed, Jerome Powell, não direcionou as expectativas sobre a reunião de dezembro de uma forma ou de outra. No entanto, os comentários do presidente do Fed de Nova York, John Williams, vice-presidente do Fomc e membro permanente com direito a voto do comitê, inclinaram-se para um corte quando ele disse no final do mês passado que havia espaço para reduzir os custos dos empréstimos "no curto prazo".
(Reportagem de Howard Schneider; Reportagem adicional de Ann Saphir, Balazs Koranyi e David Milliken)
