Taxas futuras recuam com impasse comercial entre Brasil e EUA e falas de Galípolo no radar
Investing.com – Os índices futuros das bolsas nos Estados Unidos operam em alta nesta sexta-feira, com os investidores acompanhando a divulgação do índice PCE, métrica preferida do Federal Reserve para medir a inflação, e monitorando uma trégua delicada entre Israel e Irã.
Também contribui para o ambiente de maior apetite por risco a expectativa de alívio nas restrições comerciais entre Estados Unidos e China.
No Brasil, os investidores ficarão atentos a novos dados de inflação e ao estado do mercado de trabalho.
1. Futuros avançam nos EUA com sinalização comercial
Os índices futuros norte-americanos apontam para um fechamento positivo da semana, em meio à permanência do cessar-fogo entre Israel e Irã e relatos de progresso nas tratativas comerciais entre Washington e Pequim.
Às 07h33 de Brasília, os futuros do Dow Jones subiam 149 pontos (+0,3%), enquanto os do S&P 500 avançavam 20 pontos (+0,3%) e os do Nasdaq 100 ganhavam 87 pontos (+0,4%).
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Na véspera, os principais benchmarks de Wall Street já haviam registrado ganhos, com os mercados reagindo à continuidade da trégua no Oriente Médio e a informações sobre um acordo bilateral entre EUA e China para agilizar o fornecimento de terras raras – insumos estratégicos para setores industriais diversos. Paralelamente, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, indicou que o presidente Donald Trump poderá prorrogar a suspensão tarifária de 90 dias além do prazo inicialmente previsto.
Além disso, surgiram rumores de que Trump estaria avaliando a substituição de Jerome Powell no comando do Federal Reserve nos próximos meses, cogitando um nome mais inclinado à redução dos juros. Diante disso, o dólar americano aprofundou sua tendência de queda, renovando mínimas de quase três anos e meio, e caminha para registrar sua pior semana desde maio.
"Houve dois fatores macroeconômicos favoráveis recentemente: a mudança de tom do Fed e o alívio nas tensões geopolíticas", escreveram analistas da Vital Knowledge em relatório enviado a clientes.
2. PCE é destaque no radar
A divulgação do índice de preços de despesas de consumo pessoal (PCE) referente a maio concentra as atenções nesta sexta-feira.
A projeção é de que a inflação medida pelo PCE tenha avançado para 2,3% na comparação anual, com estabilidade na leitura mensal frente a abril. O núcleo do indicador – que exclui alimentos e energia – deve apresentar comportamento semelhante, mantendo o ritmo de 0,1% mês a mês e ligeira aceleração em 12 meses.
A trajetória dos preços segue como variável central nas decisões do Fed sobre os próximos movimentos na política monetária. Até aqui, o banco central norte-americano tem adotado postura cautelosa, aguardando dados adicionais sobre os efeitos da política tarifária dos EUA antes de revisar sua estratégia.
Apesar de os impactos inflacionários das tarifas ainda não terem se concretizado com força, analistas indicam que o Fed deverá aguardar as leituras de junho a agosto antes de ajustar seu diagnóstico. Ao mesmo tempo, surgem sinais de enfraquecimento no mercado de trabalho: o número de americanos recebendo auxílio-desemprego alcançou o maior patamar desde novembro de 2021 na semana encerrada em 14 de junho. Por outro lado, tanto os pedidos iniciais quanto a média móvel de quatro semanas recuaram.
3. Testes de estresse no setor bancário
O Federal Reserve divulgará hoje os resultados dos testes de estresse aplicados aos principais bancos do país.
A expectativa é de que as instituições passem pelos exames com folga, indicando capacidade de capital para suportar choques adversos e, possivelmente, ampliar distribuições de capital aos acionistas.
Segundo analistas do Wells Fargo (NYSE:WFC), os testes deste ano devem ser menos exigentes que em ciclos anteriores. Em nota a clientes, eles escreveram: “Os testes devem liberar os bancos para direcionar mais capital a crédito, operações e recompras. Muitas instituições indicaram que só tomarão decisões após os resultados”.
O exercício anual, implementado após a crise de 2008, é considerado peça-chave no planejamento de capital para os 22 maiores bancos dos EUA, influenciando diretamente a política de dividendos dessas instituições.
4. Petróleo busca estabilidade após forte queda semanal
Os contratos futuros de petróleo operam com leve alta nesta sexta-feira, após uma semana de forte correção. A redução do prêmio de risco geopolítico, com o cessar-fogo entre Israel e Irã, continua pressionando os preços.
No momento da redação, o Brent subia 0,7%, negociado a US$ 67,14 por barril, enquanto o WTI avançava 0,7%, a US$ 65,69.
Ambos os contratos caminham para perdas semanais em torno de 12%, na pior semana desde março de 2023. Os preços retornaram aos níveis anteriores ao início das hostilidades no Oriente Médio.
A sustentação parcial nos preços vem de dados do Departamento de Energia dos EUA mostrando recuo nos estoques de petróleo e derivados na semana anterior, sugerindo demanda ainda sólida na maior economia do mundo.
5. Inflação e mercado de trabalho no Brasil
Na agenda econômica local, os destaques serão a divulgação de dados sobre o mercado de trabalho para o mês de maio, além do Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) para o mês de junho pela Fundação Getulio Vargas, indicador de inflação amplamente utilizado em reajustes de contratos de aluguel e tarifas públicas, por ser mais sensível ao câmbio e aos preços no atacado.
Em maio, o IGP-M apresentou um recuo de 0,49%, melhor que as expectativas do mercado, refletindo a queda nos preços de matérias-primas agropecuárias, como milho, soja e arroz, e também do minério de ferro, diante da maior oferta doméstica e da menor demanda externa; com isso, o índice passou a acumular alta de 7,02% em 12 meses.
Na segunda prévia de junho, a deflação se intensificou para 0,97%, puxada por uma contração mais acentuada no IPA (-1,58%) e pela desaceleração do IPC (0,23%), apesar da aceleração do INCC (1,08%).
Quanto ao mercado de trabalho, a taxa de desemprego recuou para 6,6% no trimestre encerrado em abril, segundo a Pnad Contínua do IBGE, abaixo do piso das projeções de 6,7% e inferior aos 7% registrados no trimestre até março. Já o Caged apontou a criação de 257.528 vagas com carteira assinada em abril.
Esses dados reforçam a resiliência da atividade no início do segundo trimestre de 2025 e elevam as expectativas para o PIB, atualmente projetado em 2,2% para o ano.