Dólar tem leve alta em dia de baixa liquidez e novidades sobre impasse Brasil-EUA
Investing.com – Os índices futuros das ações dos EUA registravam alta antes da abertura das bolsas em Nova York nesta sexta-feira, com investidores atentos à temporada de balanços e aos próximos indicadores econômicos.
Os resultados da Netflix superaram as estimativas, mas as ações da gigante do streaming recuam, diante da avaliação de analistas de que os resultados podem ter ficado aquém das expectativas elevadas.
Em outras frentes, um indicador amplamente monitorado de sentimento do consumidor será divulgado, enquanto o bitcoin sobe após a Câmara dos Representantes dos EUA aprovar três projetos de lei voltados à criação de um marco legal mais claro para os ativos digitais.
No mercado local, a escalada retórica entre Brasil e EUA pode influenciar o humor dos investidores, após Trump reagir a declarações de Lula com uma nova carta de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
1. Futuros dos EUA em alta
Os contratos futuros dos principais índices acionários dos EUA operam em terreno positivo nesta sexta-feira, sinalizando a continuidade do movimento observado na véspera. O otimismo é alimentado por resultados corporativos considerados robustos no segundo trimestre e por dados que indicam resiliência da economia, apesar das incertezas ligadas ao ambiente tarifário.
Às 07h51 de Brasília, o futuro do Dow Jones registrava alta de 64 pontos (+0,1%), enquanto o contrato do S&P 500 subia 8 pontos (+0,1%) e o do Nasdaq 100 avançava 27 pontos (+0,1%).
Na sessão anterior, os principais índices de Wall Street encerraram em alta, sustentados por balanços positivos e sinalizações corporativas vistas como construtivas por analistas. Além disso, os indicadores recentes reforçaram a percepção de fortalecimento da atividade nos EUA, mesmo diante da pressão inflacionária associada à política comercial agressiva do presidente Donald Trump.
Economistas advertiram que as tarifas em vigor tendem a pressionar os preços e limitar o dinamismo econômico, embora permaneçam dúvidas quanto à magnitude desses efeitos.
“Nosso cenário-base ainda pressupõe que as tarifas implementadas não levarão a uma recessão, embora esperemos alguma desaceleração no ritmo de crescimento”, afirmaram analistas da Capital Economics em relatório.
2. Resultados da Netflix
As ações da Netflix recuaram levemente no after-market, mesmo após a companhia superar as projeções do segundo trimestre e revisar para cima sua estimativa de receita anual. O resultado, embora tecnicamente sólido, foi considerado aquém das expectativas elevadas do mercado.
O desempenho foi impulsionado, em parte, pelo encerramento da série de grande audiência "Squid Game". O lucro por ação ajustado alcançou US$ 7,19, acima dos US$ 7,08 estimados pela LSEG, segundo a Reuters.
A Netflix, que tem investido em novos formatos como eventos ao vivo para ampliar sua base de usuários e atrair mais anunciantes, projetou receita anual entre US$ 44,8 bilhões e US$ 45,2 bilhões, ante uma previsão anterior de US$ 44,5 bilhões.
A melhora, segundo a companhia, reflete parcialmente a recente desvalorização do dólar americano, fator que, na visão da Vital Knowledge, representa uma “fonte de baixa qualidade” para o crescimento.
Thomas Monteiro, analista do Investing.com, avaliou que a nova orientação "parece excessivamente conservadora", o que seria preocupante para uma ação negociada a múltiplos elevados. Em 2025, os papéis da empresa acumulam valorização superior a 43%, sustentados pela percepção de que a Netflix segue entre os nomes mais fortes do setor de streaming.
3. Índice de sentimento da Universidade de Michigan
Entre os dados programados para esta sexta-feira, ganha destaque o índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan, amplamente acompanhado pelos agentes de mercado.
A expectativa é de leve avanço no indicador referente a julho, com as projeções de inflação mantendo-se relativamente estáveis.
“Será importante observar se as expectativas inflacionárias de curto prazo continuaram a ceder. O dado atual está em 5%, mas há ampla divergência entre os entrevistados democratas, que veem inflação ainda elevada, e os republicanos, que projetam recuo”, observaram analistas do ING.
O dado será divulgado após uma semana de indicadores que reforçaram a leitura de uma economia americana ainda robusta. Na quinta-feira, as vendas no varejo superaram as previsões, enquanto os pedidos semanais de seguro-desemprego ficaram abaixo do esperado. Ao mesmo tempo, embora as tarifas estejam pressionando os preços de alguns bens, a inflação de junho veio em linha com as projeções.
4. Bitcoin reage a aprovação de marcos regulatórios nos EUA
O Bitcoin voltou a subir no pregão asiático desta sexta-feira, chegando temporariamente a superar os US$ 120 mil, na esteira da aprovação de três projetos de lei na Câmara dos Representantes dos EUA que visam estabelecer um marco legal mais claro para os ativos digitais.
No momento da redação, a maior criptomoeda do mercado era negociada em alta de 1,1%, cotada a US$ 119.583,3.
O ativo havia atingido recordes acima de US$ 123 mil no início da semana, mas enfrentou realização de lucros após o rali e incertezas sobre a tramitação final dos projetos no Senado.
Entre as propostas aprovadas, destaca-se o "GENIUS Act", que recebeu 308 votos a favor e 122 contra em votação bipartidária. O texto determina que emissores de stablecoins mantenham reservas de alta liquidez lastreadas em dólar, com auditorias periódicas e fiscalização sob regimes federal e estadual.
Outros dois projetos também avançaram: o "CLARITY Act", que busca delimitar se os tokens digitais devem ser regulados pela SEC ou pela CFTC; e o "Anti-CBDC Surveillance State Act", que proíbe o Federal Reserve de emitir moeda digital de banco central sem autorização expressa do Congresso.
5. Investidores monitoram escalada retórica entre Brasil e EUA
O presidente dos EUA, Donald Trump, voltou a relacionar a adoção de tarifas comerciais contra o Brasil ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, segundo uma carta divulgada pelo mandatário norte-americano nas redes sociais.
No texto, Trump critica o sistema judicial brasileiro, pede o fim do julgamento e associa sua política tarifária à defesa do aliado. A medida anunciada por Trump prevê tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
A carta foi publicada pouco antes de um pronunciamento oficial do presidente Lula, que classificou a tarifação como “chantagem inaceitável”. Lula defendeu ainda a soberania do Brasil, reafirmando a independência do Judiciário e que nenhuma empresa, nacional ou estrangeira, estava acima da lei.
Na semana passada, o presidente norte-americano chegou a dizer que pretendia conversar com Lula no futuro sobre a aplicação da tarifa. Ontem, no entanto, o presidente brasileiro disse que Trump não foi eleito para ser “imperador do mundo” em uma entrevista à CNN, gerando reações por parte da Casa Branca.
A escalada retórica ocorre no momento em que pesquisas de opinião mostram melhora na avaliação do governo Lula após o anúncio de tarifas pelos EUA.