Investing.com - Os fortes dados de inflação nos EUA divulgados nesta quarta-feira impulsionaram as expectativas do mercado de que o Federal Reserve poderá acelerar seus planos de elevar taxas de juros neste ano.
O IPC de janeiro subiu 0,5% na comparação mensal, superando as projeções de alta de 0,3%. O acumulado de 12 meses se manteve em 2,1%, contrariando o consenso que previa a desaceleração para o patamar de 1,9%.
O núcleo da inflação ao consumidor, que exclui itens mais voláteis como alimentação e energia, subiu 0,3%, acima da projeção de 0,2%, o número mais alto desde janeiro de 2017. O núcleo de 12 meses ficou estável em 1,8% contra previsão de redução para 1,7%.
Os traders reagiram imediatamente à surpresa com a inflação e aumentaram as apostas em uma alta de juros nos EUA.
Agora, mais de 60% do mercado acredita em três altas de juros neste ano, plano anunciado pelo Fed. Antes do relatório, o número estava em 54%, segundo o Monitor da Taxa de Juros do Fed do Investing.com.
Os juros devem voltar a subir no país na reunião de março, com 81,7% do mercado acreditando que o Fed elevará a taxa para 1,75% ao ano. Ontem 76,1% dos investidores acreditavam nessa hipótese.
A segunda alta, ainda de acordo com números do mercado, deverá ocorrer em junho, com mais de 60% dos traders apontando para taxas de 2%.
O dólar reagiu às expectativas de mais juros no país e avançou à máxima do dia a 90,02, para depois voltar a ceder e retornar ao terreno negativo.
Os rendimentos dos títulos dos EUA com vencimento em 10 anos sobem 2% e encostam nos 2,9%, cada vez mais próximos do patamar de 3%. Esse valor é tido como um parâmetro do mercado para que mais investidores retirem parte de seus investimentos em ação para ganhar com juros futuros dos EUA.
Após o relatório de inflação, o economista chefe da área internacional do ING, James Knightley, disse que o Fed poderá aumentar o ritmo de alta de juros após os números de inflação.
“Em um ambiente de aumento forte na demanda de consumidores, as empresas têm o poder para repassar a alta de custos para os preços, o que é cada vez mais significativo dado a perspectiva de crescimento nos salários”, disse em nota.
Knightley espera que o núcleo de inflação siga acima dos 2% de meta do Fed na reunião de março, com possibilidade de a inflação superar 3% em meados do ano.
O estrategista chefe do Rafiki Capital, Steven Englander, minimizou o impacto dos números de inflação, mas admitiu que eles indicam que um novo comportamento da inflação pode estar a caminho.
“Os últimos 10 anos ficaram abaixo da meta de inflação e agora as expectativas estão se ajustando para cima, o que significa que o Fed pode não ser tão amigável”, disse.
“Isso não significa que as ações devem entrar em colapso, mas quer dizer que os dias de VIX abaixo de 10 pontos acabaram e deve retornar aos números históricos entre 13 e 15”, completou.