Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, defendeu nesta segunda-feira a extinção da tabela do frete rodoviário, considerada "perversa", na medida em que eleva custos do setor produtivo.
A avaliação da ministra foi feita em um momento em que o próprio governo busca um aperfeiçoamento da tabela, instituída após a greve histórica dos caminhoneiros, no final de maio do ano passado, em protesto contra altos custos do diesel e baixa remuneração do frete.
Entre os setores mais prejudicados pela tabela está o de grãos. A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) reduziu na semana passada sua perspectiva de exportação de milho do Brasil, citando que os embarques neste ano podem ser menores que o projetado se a tabela continuar em vigor.
A ministra comentou que tem conversado sobre o problema com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, responsável por conduzir o assunto dentro do governo e junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde a constitucionalidade da tabela aguarda um julgamento desde meados do ano passado, após ações de contratantes de frete.
Uma audiência pública para estabelecer regras gerais, metodologia e indicadores dos pisos mínimos do frete será aberta na terça-feira, pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Segundo Tereza, documento com proposta da nova tabela deverá ser divulgado no final de maio.
"Mas o ideal é que a tabela caísse pois, afinal, vivemos em uma economia aberta", defendeu. "Precisamos sentar e conversar, para chegar a um entendimento entre as partes e não criar lei e tabelamento", disse ela, durante a 18ª feira Tecnoshow Comigo, em Rio Verde (GO).
Há duas semanas, uma das entidades que representam caminhoneiros autônomos do país, Abcam, informou que o nível de insatisfação da categoria estava "muito grande" e que isso poderia resultar em uma nova greve dos motoristas.
No mesmo evento, a ministra voltou a destacar que a reforma da Previdência é "um assunto que o Brasil precisa resolver e não apenas o presidente Jair Bolsonaro, ou um ministro, ou a Câmara dos Deputados", segundo a nota do ministério.
"Eu tenho certeza de que a bancada do agronegócio sabe a importância que ela tem em todas as votações, principalmente, nesse momento em que pode ser o equilíbrio daquela casa", afirmou, em referência a uma das maiores bancadas do Congresso.
MISSÃO À ÁSIA
Separadamente, o ministério detalhou uma viagem à Ásia que a ministra fará em maio, com o objetivo de ampliar os embarques dos produtos do agronegócio, como frutas e carnes.
Tereza começará a viagem pelo Japão, passando por China e Vietnã, onde deve se encontrar com autoridades e investidores estrangeiros.
Em Tóquio, onde deverá chegar no dia 9, participará de reuniões bilaterais com os ministros da Agricultura e da Saúde japoneses.
A ministra também vai participar de eventos em cafeterias de Tóquio e Xangai (China), para promover cafés especiais brasileiros. O mercado chinês de café é um dos que mais cresce no mundo.
Tereza também estará na feira Sial, na China, promovendo as carnes do Brasil.
Nos dias 15 e 16 de maio, em Pequim, a ministra brasileira terá encontros bilaterais com autoridades da área sanitária, para discutir temas agrícolas de interesse do Brasil.
Em seguida, viajará ao Vietnã, onde também irá defender a abertura de mercado a produtos brasileiros.