Por John Ruwitch e Yawen Chen
XANGAI/PEQUIM (Reuters) - A Moody's Investors Service rebaixou a nota de crédito da China nesta quarta-feira pela primeira vez em quase 30 anos, dizendo esperar que a força financeira da economia vai se desgastar nos próximos anos conforme o crescimento desacelera e a dívida continua a aumentar.
O rebaixamento de um degrau, para A1 de Aa3, acontece no momento em que o governo chinês enfrenta os desafios do aumento dos riscos financeiros provenientes de anos de estímulo alimentado pelo crédito.
"O rebaixamento reflete a expectativa da Moody's de que a força financeira da China vai se desgastar de alguma forma nos próximos anos, com a dívida continuando a subir conforme o crescimento potencial desacelera", disse a agência de classificação de risco em comunicado, mudando a perspectiva para a China para estável, de negativa.
O Ministério das Finanças da China disse que o rebaixamento, o primeiro da Moody's para o país desde 1989, superestima os riscos à economia e foi baseado em "metodologia inapropriada".
"A visão da Moody's de que a dívida não-financeira da China subirá rapidamente e de que o governo continuará a manter o crescimento via medidas de estímulo estão exagerando as dificuldades enfrentadas pela economia chinesa, e subestimando a capacidade do governo de aprofundar a reforma estrutural do lado da oferta e de expandir apropriadamente a demanda agregada", afirmou o ministério em comunicado.
Os líderes da China indentificaram a contenção dos riscos financeiros e das bolhas de ativos como a maior prioridade neste ano. Da mesma forma, as autoridades estão agindo de maneira cautelosa elevando os juros de curto prazo enquanto apertam a supervisão regulatória.
Ao mesmo tempo, a necessidade de Pequim de cumprir as metas oficiais de crescimento devem tornar a economia cada vez mais dependente de estímulo, disse a Moody's.
"Embora o progresso em andamento das reformas deva transformar a economia e o sistema financeiro ao longo do tempo, não deve impedir um novo aumento material na dívida, e o consequente aumento das responsabilidades contingentes para o governo", disse.
(Reportagem adicional de Ryan Woo e Sue-lin Wong em Pequim, Nichola Saminather em Cingapura, John Ruwitch e Andrew Galbraith em Xangai e Umesh Desai em Hong Kong)