Por Kate Abnett e Olesya Astakhova e Virginia Furness
BAKU (Reuters) - Os países em desenvolvimento precisam de pelo menos 1 trilhão de dólares por ano até o final da década para lidar com as mudanças climáticas, disseram economistas nas negociações da ONU em Baku, onde os esforços iniciais para chegar a um acordo financeiro correm o risco de serem ofuscados por disputas diplomáticas.
O dinheiro é o foco da COP29, cujo sucesso provavelmente será avaliado pela possibilidade de se chegar a um acordo sobre uma nova meta para o valor que os países mais ricos, os credores do desenvolvimento e o setor privado devem fornecer anualmente para ajudar os países em desenvolvimento a financiar a transição para uma energia mais verde e a se protegerem contra condições climáticas extremas.
É provável que chegar a um acordo seja especialmente difícil em uma cúpula em que o clima foi prejudicado por disputas e pessimismo sobre as mudanças na política global.
A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais colocou em dúvida o futuro papel dos Estados Unidos nas negociações sobre o clima, e a tensão entre as nações desenvolvidas e em desenvolvimento veio à tona nos principais palcos e nas salas de negociação.
"As partes precisam se lembrar de que o tempo está passando", disse o negociador líder da COP29, Yalchin Rafiyev, em uma coletiva de imprensa.
"Elas precisam usar esse tempo precioso para conversar diretamente umas com as outras e assumir a responsabilidade de criar soluções de transição."
Uma meta financeira anterior de 100 bilhões de dólares por ano, que expira em 2025, foi atingida com dois anos de atraso em 2022, informou a OCDE em maio. Grande parte do financiamento foi na forma de empréstimos em vez de doações, algo que as nações beneficiárias dizem que precisa mudar.
Definindo o tom no início da quinta-feira, um relatório do Grupo Independente de Especialistas de Alto Nível em Finanças Climáticas apontou que a meta anual precisaria aumentar para pelo menos 1,3 trilhão de dólares por ano até 2035 se os países não agirem agora.
"Qualquer déficit de investimento antes de 2030 colocará pressão adicional nos anos seguintes, criando um caminho mais íngreme e potencialmente mais caro para a estabilidade climática", disse o relatório.
Nos bastidores, os negociadores estão trabalhando em textos preliminares, mas até agora os documentos de estágio inicial publicados pelo órgão climático das Nações Unidas refletem a enorme variedade de pontos de vista em torno da mesa.
Alguns negociadores disseram que o texto mais recente sobre finanças era longo demais para ser trabalhado e que estavam esperando por uma versão mais enxuta antes de iniciar as conversações para a formação de um acordo.
(Reportagem de Kate Abnett, Olesya Astakhova, Virginia Furness, Valerie Volcovici e Nailia Bagirova)