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Proposta de 2 moedas de Marine Le Pen é um perigo, diz Banco da França

Publicado 04.05.2017, 13:14
Atualizado 04.05.2017, 13:20
© Reuters.  Proposta de 2 moedas de Marine Le Pen é um perigo, diz Banco da França
EUR/USD
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Paris, 4 mai (EFE).- O governador do Banco da França, François Villeroy de Galhau, considerou nesta quinta-feira que as propostas da candidata de extrema direita à presidência do país, Marine Le Pen, de restabelecer o franco e fazê-lo coexistir com o euro "colocaria em perigo a confiança na moeda".

Na abertura de um discurso em Paris sobre o desenvolvimento da política monetária, Villeroy de Galhau não citou diretamente o nome de Marine Le Pen, mas quis "contribuir com alguns esclarecimentos" ao "debate" da campanha presidencial sobre o euro e, concretamente, sobre "certas hipóteses do uso de duas moedas".

"Tenho que dizer que essas hipóteses colocariam em perigo a confiança na moeda", frisou o governador do banco central do país, depois de ter justificado este pronunciamento porque, apesar de "o Banco da França ser independente em relação à política", sua missão é "garantir a confiança na moeda".

Villeroy lembrou que "em nenhum país avançado" existe uma dupla circulação de moeda, e que, onde isto acontece, "em geral é a moeda 'nacional' que sofre", porque "perde valor rápido com preços que aumentam muito e traz impactos negativos para o poder aquisitivo".

O pronunciamento do governador do Banco da França é uma alusão velada às últimas posições de Marine Le Pen, que pretende sair da zona do euro para restabelecer o franco, mas mantendo a moeda única europeia como uma referência para as transações internacionais das empresas.

Marine afirmou que seu funcionamento seria como quando existiu a Unidade Monetária Europeia (ECU, sigla em inglês), que precedeu o euro e coexistia com as moedas nacionais.

O governador do Banco da França afirmou que o ECU funcionava somente como uma unidade monetária, mas nem as pessoas, nem as empresas, podiam usar essa unidade de referência para realizar pagamentos.

Villeroy insistiu que o cenário de uma volta ao ECU "apresentaria graves inconvenientes em relação ao euro de hoje", em particular porque, nessa situação, a França não participaria nas decisões de política monetária do Banco Central Europeu e "teria que seguir" as determinações da Alemanha.

"O franco - segundo o governador do Banco Central - estava à mercê de ataques especulativos dos mercados financeiros", assim como o que levou ao esgotamento das reservas de câmbio na crise de 1992-93 e, precisamente, "para solucionar esses problemas, foi criado o euro".

Frente ao diagnóstico de Marine Le Pen, que culpa a moeda única pelos principais problemas econômicos da França, Villeroy de Galhau afirmou que o euro não somente "é a moeda de 340 milhões de cidadãos europeus, reconhecida no mundo inteiro", mas também "é a moeda de confiança dos franceses e conta com apoio de quase 70%" da população.

Villeroy indicou que "o euro protege o poder aquisitivo" dos franceses "com uma inflação três vezes menor do que antes", o que facilita os empréstimos, permite que as taxas de juros sejam de 1,5% a 3% mais baixas e "preserva o valor de sua economia".

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