BRASÍLIA (Reuters) - A revisão de possíveis irregularidades e o aperto das regras de acesso a benefícios sociais para conter gastos públicos anunciadas na semana passada estão sendo feitas da melhor maneira possível e não têm caráter punitivo, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira.
"Todas as coisas nós estamos fazendo com a maior delicadeza possível. A gente não quer ir para as páginas dos jornais punindo alguém que não pode ser punido. A gente quer fazer o levantamento fidedigno", disse Lula em evento no Palácio do Planalto.
"Aqueles que têm direito vão continuar recebendo. Aqueles que estão de forma ilícita vão parar de receber. Esse é o preço que a gente paga por ser sério."
Além da revisão dos cadastros, o governo federal também anunciou, como parte do seu pacote de contenção de gastos na última quarta-feira, que tornará as regras para concessão de benefícios mais rígidas e que irá apertar os critérios de renda para o acesso ao BPC, pago a aposentados e pessoas com deficiência de baixa renda e cujos repasses têm disparado no período recente.
O pacote foi aguardado com ansiedade pelos mercados financeiros desde antes das eleições municipais em outubro, mas foi recebido de forma negativa diante do anúncio em conjunto da extensão da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até 5 mil reais mensais. A reação negativa dos mercados fez com que o dólar registrasse uma série de recordes e pressionou o Ibovespa.
Lula, no entanto, destacou resultados positivos de indicadores econômicos e afirmou que o governo deve seguir apostando em um crescimento da economia maior do que o esperado.
"O PIB de 2023 não foi 2,9%, foi 3,2%. O PIB de 2024 não será 1,5% como o mercado previa, vai ser 3,5%. E a gente vai fazer um esforço muito grande para continuar fazendo as coisas acontecerem nesse país, independentemente daqueles que querem trabalhar contra", disse.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o crescimento do PIB do Brasil desacelerou no terceiro trimestre de 2024 em relação aos três meses anteriores, mas ainda mostrou uma economia aquecida. A economia brasileira expandiu 0,9% no terceiro trimestre na comparação com os três meses anteriores.
Após a divulgação dos dados, que vieram acima da expectativa do Ministério da Fazenda, a pasta informou que deve revisar novamente sua projeção para o crescimento do PIB deste ano, atualmente em 3,3%.
(Por Victor Borges)