RIO DE JANEIRO (Reuters) - O setor de educação privada espera uma melhoria na inadimplência de alunos e das próprias escolas no segundo semestre, depois de um salto de mais de 20 por cento registrado na primeira metade do ano, que ficou bem acima do restante da economia.
Os calotes dos estudantes do ensino superior cresceram 22,4 por cento nos seis primeiros meses do ano ante mesma etapa de 2014, segundo dados informados nesta quarta-feira pela empresa de informações de crédito Serasa Experian (L:EXPN). Um ano antes, a inadimplência dos alunos tinha crescido 0,9 por cento sobre 2013.
Mas a expectativa para a segunda metade do ano é de redução desse percentual, afirmou a presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), Amabile Pacios.
"Até dezembro pode ter um movimento de recuperação", disse ela se referindo a fatores do segundo semestre como pagamento do 13o salário.
Já o diretor executivo de finanças da segunda maior empresa de ensino superior do país com ações em bolsa de valores, Estácio Participações (SA:ESTC3), Virgílio Gibbon, também não espera piora no nível da inadimplência do setor.
"Eu não vejo um ganho em relação ao ano passado, mas eu também não vejo deterioração (da inadimplência no segundo semestre)". Porém, ele afirmou que há um "bom desafio pela frente" diante da retração da economia e juros em patamares elevados.
Com o aumento da inadimplência dos alunos, as faculdades também passaram a atrasar as suas contas, segundo os dados da Serasa. No primeiro semestre, os atrasos nos pagamentos dessas instituições com fornecedores subiram 25,3 por cento na comparação anual. A Serasa não informou o volume de dívidas em atraso dos alunos e das faculdades.
Como comparação, no primeiro semestre o crescimento da inadimplência agregada de toda a economia foi de 16 por cento, afirmou o economista Luiz Rabi, da Serasa.
"A gente sofre dos dois lados. A inadimplência também vem pela inadimplência do governo", disse Amabile, da Fenep, em referência a atrasos do governo federal dos repasses do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
Segundo Amabile, a prioridade das instituições de ensino é a folha de pagamento dos professores e o pagamento aos fornecedores varia de acordo com o quadro de prioridades de cada instituição.
(Por Juliana Schincariol)