Taxas curtas de DIs têm baixas leves ancoradas por Copom e longas sobem com Treasuries

Publicado 13.05.2025, 17:01
Atualizado 13.05.2025, 17:05
© Reuters. Notas de 200 reaisn02/09/2020. REUTERS/Adriano Machado

Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - A curva a termo brasileira passou por um processo de inclinação nesta terça-feira, com as taxas futuras curtas em leve baixa, ancoradas pela ata do último encontro do Copom, e as longas em alta firme, acompanhando o avanço dos rendimentos dos Treasuries e com investidores estrangeiros embolsando os ganhos recentes.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 -- um dos mais líquidos no curto prazo -- estava em 14,785%, ante o ajuste de 14,796% da sessão anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 marcava 14,02%, em queda de 2 pontos-base ante o ajuste de 14,035%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,7%, ante 13,608% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,78%, em alta de 12 pontos-base ante 13,663%.

Pela manhã o Banco Central divulgou a ata do encontro da semana passada do Comitê de Política Monetária (Copom), quando houve elevação de 50 pontos-base da taxa básica Selic, para 14,75% ao ano. No documento, o BC, segundo leitura de economistas do mercado, reafirmou sinalização de que em junho pode promover alta adicional de 25 pontos-base da Selic, ou manter a taxa estável.

“O cenário externo mostra-se adverso e particularmente incerto. O choque de tarifas e o choque de incerteza, apesar de todas as tentativas de mensuração, ainda são de impacto bastante incerto”, pontuou o colegiado na ata da reunião, que aconteceu antes do acordo entre EUA e China fechado no fim de semana, para redução temporária de tarifas.

“A conjuntura de atividade segue marcada por sinais mistos com relação à desaceleração de atividade, mas observa-se uma incipiente moderação de crescimento”, acrescentou o Copom em outro momento, em referência à atividade econômica brasileira.

Profissionais ouvidos pela Reuters disseram que o documento veio, em linhas gerais, dentro do esperado, mantendo as chances de alta adicional ou manutenção da Selic no próximo mês.

Com a ata dentro do esperado e os Treasuries relativamente acomodados na primeira metade da sessão, as taxas futuras no Brasil cederam na maior parte da manhã, devolvendo alguns ganhos da véspera.

“Achei (a ata) neutra”, comentou à tarde o economista-chefe do Bmg, Flavio Serrano. “(A curva) estava devolvendo um pouco da alta de ontem, aí lá fora piorou e aqui foi junto”, acrescentou.

Perto das 12h os rendimentos dos Treasuries aceleraram os ganhos, e isso deu força às taxas dos DIs de prazos mais longos no Brasil.

“Os (rendimentos dos) Treasuries estavam mais de lado até a hora do almoço, e agora estão com uma alta”, pontuou Luciano Rostagno, estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos, chamando atenção para o avanço das taxas na ponta longa da curva brasileira.

Às 14h22, a taxa do DI para janeiro de 2031 atingiu a máxima de 13,71%, em alta de 10 pontos-base ante o ajuste da véspera. No mesmo horário, a taxa do DI para janeiro de 2026 estava na máxima de 14,80%, estável ante o ajuste anterior.

“O investidor gringo gosta muito de atuar na parte mais longa da curva. Nas últimas semanas estava tendo este fluxo (de recursos), e o Brasil se beneficiou”, pontuou o gestor de Renda Fixa Ativa da Inter Asset, Ian Lima.

“Hoje e ontem ocorreu um movimento contrário, de uma volta (de investimentos) para os EUA. O gringo (está) botando no bolso o ’movimento’ de Brasil e de outras economias. No México, na Argentina e na Colômbia também temos os juros abrindo bem”, acrescentou Lima.

Na prática, investidores estrangeiros estão desfazendo posições na ponta longa da curva brasileira, o que impulsiona as taxas futuras. Na ponta curta, conforme Lima, a ata do Copom atuou como uma espécie de “âncora”, segurando as taxas até janeiro de 2028, com o mercado bem-posicionado para as decisões de curto prazo da Selic.

Perto do fechamento a curva precificava 62% de probabilidade de manutenção da Selic em junho, contra 38% de chance de elevação de 25 pontos-base. Na véspera os percentuais eram de 59% e 41%, respectivamente.

No mercado de opções de Copom da B3 (BVMF:B3SA3), a precificação na segunda-feira -- atualização mais recente -- era de 56,00% de probabilidade de manutenção da Selic, 36,50% de chances de alta de 25 pontos-base e 5,50% de possibilidade de elevação de 50 pontos-base.

Nos EUA, o Departamento do Trabalho informou pela manhã que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) aumentou 0,2% no mês passado, após uma queda de 0,1% em março. Economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,3%.

No fim da tarde os rendimentos dos Treasuries seguiam em alta, em especial entre os contratos mais longos. Às 16h33, o retorno do título de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- subia 4 pontos-base, a 4,497%.

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