Taxas de DIs longas sobem sob influência dos Treasuries em meio à cautela com área fiscal

Publicado 02.06.2025, 16:50
Atualizado 02.06.2025, 16:55
© Reuters. Notas de 200 reaisn02/09/2020. REUTERS/Adriano Machado

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - A curva a termo brasileira passou por um dia de inclinação nesta segunda-feira, com as taxas dos DIs de curto prazo encerrando perto da estabilidade e as de longo prazo em alta, refletindo a cautela com as discussões em Brasília sobre medidas fiscais e o avanço dos rendimentos dos Treasuries no exterior, após novas ameaças tarifárias dos EUA.

O recuo do dólar ante o real amenizou o movimento, mas ainda assim as taxas a partir de janeiro de 2027 avançaram.

No fim da tarde desta segunda-feira a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 -- um dos mais líquidos no curto prazo -- estava em 14,785%, ante o ajuste de 14,795% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2027 marcava 14,165%, em alta de 3 pontos-base ante o ajuste de 14,134%.

Entre os contratos longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,83%, ante 13,731% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,88%, em alta de 9 pontos-base ante 13,786%.

Na sexta-feira o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que planeja aumentar as tarifas sobre aço e alumínio importados de 25% para 50%, elevando a pressão sobre os produtores globais de aço.

Também na sexta-feira, Trump acusou a China de violar um acordo entre os dois países para reduzir mutuamente as tarifas e as restrições comerciais sobre minerais essenciais.

Os ataques de Trump seguiram reverberando nos mercados globais nesta segunda-feira, com os investidores se desfazendo de dólares e de Treasuries, em meio às incertezas sobre a política comercial dos EUA.

O avanço dos rendimentos dos Treasuries no exterior deu força às taxas dos DIs no Brasil, em especial entre os vencimentos a partir de janeiro de 2027.

Operador ouvido pela Reuters pontuou que, além da influência externa, as taxas eram sustentadas pelo “barulho” em Brasília, onde seguem as discussões sobre medidas fiscais. Pela manhã o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que espera solucionar nesta semana a questão das mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) combinadas com medidas estruturais que busquem equacionar a questão fiscal.

Segundo Haddad, os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), mostraram disposição em discutir medidas fiscais estruturais, e não apenas soluções paliativas para as contas públicas.

Desde 22 de maio, quando o Ministério da Fazenda anunciou elevações de várias alíquotas de IOF para cumprir a meta fiscal do ano, os ativos brasileiros vêm sendo pressionados, ainda que o governo tenha voltado atrás em algumas medidas. O Congresso, por sua vez, tem criticado as medidas relacionadas ao IOF.

Profissionais do mercado ouvidos pela Reuters nos últimos dias vêm afirmando que a indefinição sobre as medidas fiscais é um fator negativo para o real e para os DIs.

Neste cenário, a taxa do DI para janeiro de 2033 atingiu a máxima de 13,91% às 14h47, em alta de 12 pontos-base ante o ajuste da sexta-feira.

Entre os contratos mais curtos, porém, as taxas se mantiveram próximas da estabilidade, com o mercado seguindo com apostas majoritárias de que o Banco Central manterá a taxa básica Selic em 14,75% ao ano em seu encontro de política monetária de junho.

Perto do fechamento desta segunda-feira a curva a termo precificava 88% de probabilidade de manutenção da Selic este mês, contra 12% de chance de elevação de 25 pontos-base. Na sexta-feira os percentuais eram de 86% e 14%, respectivamente.

No mercado de opções de Copom da B3 (BVMF:B3SA3), a precificação na sexta-feira -- atualização mais recente -- era de 65,00% de probabilidade de manutenção da Selic em junho, 32,50% de chances de alta de 25 pontos-base e 2,00% de possibilidade de elevação de 50 pontos-base.

No relatório Focus desta segunda-feira, a projeção mediana dos economistas para a Selic no fim de 2025 seguiu em 14,75% -- o que indica a perspectiva de manutenção da taxa no atual patamar até o próximo ano. Já a projeção de inflação para 2025 cedeu de 5,50% para 5,46%.

No exterior, às 16h38 o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- subia 4 pontos-base, a 4,458%.

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