Investing.com – Com risco fiscal entre os principais desafios ao mercado local nos últimos meses, o Itaú (BVMF:ITUB4) estima que seria necessário um ajuste de despesas de pelo menos R$60 bilhões para o cumprimento do arcabouço em seu formato vigente até o ano de 2026. Conforme relatório divulgado a clientes e ao mercado nesta segunda, 18 de novembro, os cortes deveriam ser de R$25 bilhões em 2025 e R$35 bilhões em 2026.
“A percepção de risco doméstico tem aumentado com a expectativa que o crescimento elevado das despesas obrigatórias dificultaria muito o cumprimento do arcabouço fiscal em seu formato vigente até 2026”, destaca o banco, reforçando a importância de medidas pontuais e estruturais.
O Itaú segue com a estimativa de resultado primário de -0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, mas alterou a do próximo, passando de -0,8% para -0,7%. A mudança, de acordo o banco, está relacionada às receitas recorrentes diante da força do mercado de trabalho.
Outras revisões macroeconômicas
O Itaú ainda ajustou sua projeção do câmbio, com estimativa do dólar passando de R$5,40 em 2024 e R$5,20 em 2025 para R$5,70 para os dois anos, com incertezas fiscais e externas, além de uma moeda americana forte a nível mundial.
Para o crescimento da economia medido pelo Produto Interno Bruto (PIB), a projeção deste ano segue em 3,2%, mas a de 2025 caiu de 2% para 1,8%.
“Esperamos alguma desaceleração da economia no 2º semestre desse ano e no ano que vem, em função da taxa de juros mais elevada, impulso fiscal menor e revisão baixista no crescimento global. Enxergamos riscos simétricos para a projeção de crescimento de 2025”, avaliou o banco.
Em relação à inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o banco revisou para cima a projeção, que saiu de 4,4% para 4,8%, com pressão em alimentação no domicílio. Para o ano que vem, a projeção subiu de 4,2% para 5,0%, com efeitos do dólar em produtos e elevação de imposto sobre combustíveis prevista para fevereiro.
O Itaú espera que a taxa de juros básica da economia brasileira Selic atinja patamar de 13,5% ao ano decorrer do ano que vem, contra 12% esperados antes, ficando neste nível até o final de 2025.
“Com câmbio mais depreciado, atividade ainda resiliente, expectativas desancoradas (por um período prolongado) e riscos crescentes, o Banco Central precisará recalcular o grau de aperto monetário e avançar ainda mais, e com maior celeridade, em território contracionista”, conclui.