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Ano terá perda de fôlego do agro e de impulso fiscal, diz economista da AC Pastore

Publicado 05.01.2024, 16:35
Atualizado 08.01.2024, 07:21
© Paula Magalhães

Investing.com – A economia brasileira deve desacelerar por dois principais motivos: a perda de fôlego da agropecuária, que foi o motor e favoreceu os dados no ano passado, além de um menor impulso fiscal. Essa é a visão de Paula Magalhães, economista-chefe na A.C. Pastore & Associados, que falou com exclusividade para o Investing.com Brasil.

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Segundo Magalhães, a depender da situação fiscal nos próximos meses, o risco é de que a política monetária seja afetada. No momento, economistas esperam novos cortes de meio percentual na taxa básica de juros da economia brasileira a Selic.

Confira entrevista

Investing.com – Qual a perspectiva para a inflação brasileira em 2024? Como avaliam a condução da política monetária diante do processo de desinflação?

Magalhães – Agora em 2024, esperamos 3,7%. No IPCA-15, os serviços subjacentes deram uma acelerada. O serviço em geral teve problema de passagem aérea, que é um problema que acaba às vezes puxando em todo, mas a gente ainda olha os núcleos e fica um pouco preocupado com essa inflação. Nosso cenário para inflação, ainda temos tem bastante confiança nele. Esse último número do IPCA 15-não mudou não, apenas só colocou um risco, mesmo que é algo para gente ficar de olho, especialmente nesse começo de ano.

Por enquanto, estimamos 3,7%. É uma desinflação, porque a gente tem uma expectativa de desaceleração da atividade. A gente enxerga a política monetária atingindo juros em 9,25% em meados do ano, com pausa a partir de então.

Mas fica o risco que vimos, no IPCA-15, os núcleos aceleraram um pouquinho na margem, porque o mercado de trabalho ainda está aquecido. Teve alguma queda de população ocupada, mas a massa salarial continua subindo, então isso vai manter o consumo. Então fica como um ponto de alerta, precisamos ficar de olho nesses núcleos, eles não podem voltar a acelerar no IPCA.

Inv.com – Quais são os principais desafios e riscos para a economia brasileira em 2024?

Magalhães – A gente ainda não sabe como que o efeito do El Niño desse ano acabou afetando as colheitas, safras e, portanto, os preços. Agora falando de Brasil, da atividade econômica no geral, deve haver uma desaceleração esse ano por dois motivos. O primeiro é que a gente teve um impulso bem forte da atividade agrícola no ano passado, que não vai ter nesse ano. As projeções de safras esse ano tem alguma queda, não tem uma queda muito grande, mas tem. Não é só o PIB agrícola, ele acaba sendo transbordado os seus efeitos para outras áreas com outras atividades, serviços de transporte, armazenamento, por exemplo, esses setores acabam empregando pessoas.

Além disso, o impulso fiscal para 2024 vai ser menor do que teve para 2023. Tem um aumento de gasto, tem mas o delta vai ser diferente, porque o impulso fiscal que teve de 2022 para 2023 foi muito grande. A PEC de transição foi muito grande. O crescimento real do gasto em 2023 foi mais de 8%, o crescimento real do gasto que vai ter agora 2024 vai ser 2,5%. Vai ter um consumo e, portanto, um PIB mais fraco do que teve em 2023.

A economia está desacelerando dentro de um contexto em que é preciso arranjar receita para chegar na meta do arcabouço fiscal. As dificuldades já se colocaram. A maioria das medidas que estão no orçamento de 2024 para aumentar a receita são difíceis de projetar e podem ser judicializadas, pode afetar também contingenciamento.

Além disso, algumas medidas que o governo mandou para o Congresso no ano passado foram diluídas, como a medida das subvenções, do ICMS, dos juros de capital próprio, das offshores. Por isso teve a MP para conseguir mais receitas, até para corrigir a questão da desoneração da folha, que foi estendida por um período muito grande e inflou com a inclusão dos municípios até 150 mil habitante. Mas é um desafio muito grande. A gente não tem certeza nenhuma se essas receitas virão ou não. Em março, deve ser feito um relatório para verificar o quanto vai ter que contingenciar e há um risco muito grande de ter que mudar a meta ali naquele momento, por causa dessa questão das receitas. Porque o gasto está dado, está colocado no orçamento. E ele vai ser executado.

Inv.com – O governo deve enfrentar desafios com medidas econômicas, como a Medida Provisória que ainda deve ser apreciada pelo Congresso sobre os setores que tinham desoneração na folha. Como avalia essa incerteza para o quadro fiscal?

Magalhães Na questão da desoneração e do Perse eu dou completa razão pro governo, porque a desoneração da folha existia tempo demais. Não foi comprovado que é benéfico nos setores que ela foi implementada. Tem um problema que é o Congresso aprovou, o presidente vetou e o veto foi derrubado. Então a gente não sabe se essa MP vai ser aprovada, mesmo tendo todos os motivos econômicos para ser aprovada. O Perse também, na coletiva que quando o ministro apresentou essa nova MP, falou números que estão até um pouco chocantes e tem uma previsão do Perse de R$4 bilhões. Parece que ficou em R$16 bilhões em 2013, quatro vezes mais do que previsto para um setor que a gente sabe que está aquecido. Por que é que ele precisa de incentivo assim depois que a pandemia passou?

Sobre o limite dos créditos tributários, outra medida, que é passível de judicialização, porque você tem uma decisão do STF, as empresas têm esse direito de conseguir, de abater é. Não sei se mesmo aprovado, se vão entrar na justiça contra essa medida, fica aí o questionamento também.

Inv.com – Outros pontos que merecem atenção?

Magalhães Acho que essa questão do fiscal, dependendo de como ela desenrolar, ela pode afetar também a questão da política monetária. Se tiver algum efeito de desvalorização no câmbio que possa depois pegar a inflação, então, acho que o investidor deve ficar de olho.

Mas, nesse começo de ano, por enquanto, as coisas aqui dentro ainda estão um pouco tranquilas, a gente está mais olhando para o que está acontecendo lá fora. Em relação ao desempenho do real, por exemplo, vai ficar mais claro a hora que o Congresso voltar e as negociações sobre essa MP começarem, ficar mais claro se vai passar ou não. Por enquanto, em recesso, ainda é difícil avaliar. E também a questão da meta após a negociação dessa MP com um contingenciamento que deve ser por volta de março mesmo.

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