Por Balazs Koranyi
FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu precisará de pelo menos até o final do primeiro trimestre para poder reavaliar suas perspectivas de política monetária e as expectativas do mercado para um corte na taxa de juros em março ou abril são prematuras, disse o membro do BCE Bostjan Vasle nesta segunda-feira.
O BCE deixou as taxas de juros inalteradas na semana passada e orientou para uma política monetária estável nos próximos meses, mesmo com os investidores pressionando o banco a seguir o Federal Reserve na sinalização de cortes nos juros devido a uma série de dados de inflação inesperadamente benignos.
Mas Vasle, presidente do banco central da Eslovênia, rejeitou as apostas do mercado e até argumentou que as condições de financiamento podem não ser mais suficientemente restritivas, devido à queda dos rendimentos dos títulos e às expectativas de cortes de 150 pontos-base em 2024.
"Na minha opinião, as expectativas do mercado em relação aos cortes nas taxas de juros são prematuras, tanto no que diz respeito ao início dos cortes quanto à totalidade dos movimentos", disse Vasle à Reuters.
"A precificação do mercado reduziu o nível de restrição e essa recente acomodação precificada nas taxas de juros é inconsistente com a postura apropriada para que a inflação retorne à meta", disse Vasle, que é considerado um dos membros mais conservadores do Conselho do BCE.
Na semana passada, fontes próximas à discussão disseram à Reuters que era improvável uma revisão da mensagem do BCE antes de março, o que dificultaria qualquer corte antes de junho.
Os mercados agora veem uma chance de 50% de um corte nas taxas em março, enquanto uma redução está totalmente precificada em abril e mais de dois movimentos são vistos até junho.
Mas Vasle argumentou que o BCE talvez precise ver o resultado do primeiro trimestre para até mesmo cogitar a revisão de sua postura.
"Receberemos poucos dados novos antes da reunião de janeiro, portanto, não será antes de março ou abril que obteremos mais informações sobre inflação, crescimento, política fiscal e mercado de trabalho", disse Vasle. "Precisaremos entender melhor as tendências subjacentes e também precisamos das novas projeções."