Por Francesco Canepa
FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu precisa observar uma inflação estável abaixo de 3% até meados do próximo ano antes de começar a reduzir os custos dos empréstimos, que estão em patamares recordes, disse Yannis Stournaras, autoridade do banco, à Reuters.
Sendo uma autoridade de postura "dovish" (menos agressiva contra a inflação), Stournaras enfatizou em seu comentário a determinação do BCE de acabar com o pior surto de inflação em pelo menos uma geração nos 20 países que compartilham o euro.
Sua fala também destacou a desconexão entre o BCE e os investidores, que esperam que o banco central comece a cortar os juros em abril ou até mesmo em março, apesar da resistência da presidente do BCE, Christine Lagarde, na semana passada.
"Não podemos arriscar", disse Stournaras, o presidente do banco central da Grécia, em entrevista à Reuters.
"Precisamos ver a inflação abaixo de 3% de forma sustentável até o meio do ano antes de cortar os juros."
O BCE deixou os juros inalterados na semana passada e disse que esperava uma inflação média de 2,8% neste trimestre, 2,9% nos primeiros três meses do próximo ano e 2,7% no segundo trimestre de 2024.
Além do crescimento dos preços, Stournaras disse que "os custos unitários do trabalho, os lucros unitários e as expectativas de inflação devem apontar para um retorno da inflação para 2%".
"Também teremos que avaliar o estado geral da economia", acrescentou.
Atualmente, os mercados monetários estão precificando cortes de 150 pontos-base pelo BCE em 2024, reduzindo a taxa que o banco paga sobre os depósitos para 2,5%.