Por Laura Sanchez
Investing.com – Os mercados operavam sem direção única nesta sexta-feira aguardando o relatório de empregos nos EUA e novas declarações de banqueiros centrais.
Nesta semana, foi divulgada a inflação na zona do euro, que acumulou uma alta anual de 10% em novembro, em comparação com a estimativa consensual de 10,4%, bem abaixo dos 10,6% anteriores.
Os dados animaram os investidores e suscitaram especulações de que o Banco Central Europeu (BCE) reduziria o ritmo de elevação de juros em sua próxima reunião neste mês, seguindo uma estratégia similar à do Federal Reserve (Fed).
Contudo, nem todos os especialistas têm essa convicção.
Hugo Le Damany e François Cabau, economistas da AXA Investment Managers, apontam que a inflação básica continua em 5% na comparação anual, embora seja cedo demais para indicar uma virada decisiva na perspectiva de preços. Em razão dos poucos dados disponíveis, acreditamos que isso se deva, de certa forma, a fatores sazonais.
Com isso, os dados não devem mudar a postura do BCE em sua reunião de dezembro, acrescentam os analistas.
De fato, Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, ressaltou nesta sexta-feira que "a política monetária enfrenta três incertezas, incluindo a economia global e a evolução do índice de preços ao consumidor" (IPC), defendendo que os bancos centrais devem trabalhar para que a inflação volte para a meta” definida pela instituição.
“O que nós, banqueiros centrais, temos que fazer é promover uma política monetária que ancore as expectativas... Precisamos sinalizar ao público, aos observadores, aos analistas, que em todos os cenários a inflação retornará para a nossa meta de médio prazo em tempo razoável”, declarou Lagarde, de acordo com a Reuters.
“Os dados de inflação devem favorecer os argumentos dos dirigentes mais flexíveis do conselho do BCE na reunião de dezembro. Os dados de ontem não pintaram um quadro convincente de queda nas pressões inflacionárias, devido às grandes oscilações no preço da energia. Mas, por enquanto, é bem possível que a inflação tenha atingido o pico também na zona do euro. Isso significa que o BCE deve continuar se movendo em sincronia com o Fed, reduzindo a velocidade das suas elevações de juros", declarou o Commerzbank, segundo o portal FXStreet.
Mauro Valle, diretor-geral de renda fixa da Generali (BIT:GASI) Investments Partners, explica que, se o crescimento econômico claramente ficar mais fraco, em conjunto com uma inflação elevada, o BCE seria forçado a encerrar o ciclo de aperto.
Por outro lado, caso a inflação atinja um teto nos próximos meses e passe a cair, o BCE provavelmente terá que continuar subindo as taxas, com uma pausa nos primeiros meses do ano que vem, acrescentaram os analistas.