Por Francesco Canepa e Balazs Koranyi
SINTRA, Portugal (Reuters) - O programa de compra de títulos do Banco Central Europeu vai conter o aumento dos custos de empréstimos para os países vulneráveis da zona do euro, ao mesmo tempo em que manterá a pressão sobre seus governos para repararem seus orçamentos, disse nesta terça-feira a presidente do BCE, Christine Lagarde.
Com o BCE perto de adotar sua primeira alta dos juros em mais de uma década, os rendimentos dos títulos da Itália e de outros países endividados aumentaram e o spread que eles pagam em relação à Alemanha aumentou.
Isso levou o BCE a acelerar o trabalho em um novo programa de compra de títulos, ainda a ser revelado. As autoridades ainda não chegaram a um acordo sobre os detalhes do esquema, mas a maioria concordou que o BCE teria que intervir se os mercados saírem de sincronia com os fundamentos.
As declarações de Lagarde sugerem que esse novo esquema provavelmente virá com algumas exigências para os países que se beneficiarem dele, como disseram fontes à Reuters neste mês.
"O novo instrumento terá que ser eficaz, ao mesmo tempo proporcional e contendo garantias suficientes para preservar o ímpeto dos Estados membros em direção a uma política fiscal sólida", disse Lagarde ao fórum anual do BCE em Sintra, Portugal.
Fontes disseram à Reuters que estas condições seriam relativamente leves, tais como o cumprimento das recomendações econômicas da Comissão Europeia que os países já têm que cumprir para garantir fundos da União Europeia.
As fontes também disseram que o BCE provavelmente drenaria dinheiro do sistema bancário para compensar as novas compras de títulos, a fim de não aumentar o volume total de liquidez.
Falando com a Reuters, o presidente do banco central belga, Pierre Wunsch, disse até mesmo que o esquema do BCE deveria ser ilimitado e vir sem condições onerosas, mas que o banco central só deveria concedê-lo a países com planos fiscais confiáveis.
O BCE planeja aumentar os juros em 0,25 ponto percentual em 21 de julho, mas abriu a porta para um movimento maior em setembro, a menos que suas previsões de inflação a médio prazo sejam reduzidas para sua meta de 2%.