Investing.com - O aumento dos preços de algumas commodities, que já está sendo sentido não apenas nos mercados financeiros, mas também no bolso do consumidor final, já vem de longa data.
É o que adverte Ben Laidler, estrategista de mercados globais da eToro. Ele explica que o fenômeno climático conhecido como "El Niño" terá inúmeros efeitos, o que colocará um peso adicional nas tendências atuais de mudança climática. "Ele levará a mais perturbações nas commodities agrícolas e energéticas, favorecerá condições climáticas extremas e já está sendo responsabilizado por tudo, desde restrições comerciais no Canal do Panamá até uma temporada de furacões no Atlântico mais severa do que o esperado", diz Laidler.
CLIMA: "O mundo está potencialmente enfrentando um dos mais poderosos eventos climáticos El Niño da história. Os efeitos serão numerosos e globais, e colocarão um peso adicional nas tendências atuais de mudança climática. Isso levará a mais interrupções nas commodities agrícolas e energéticas, promoverá condições climáticas extremas e já está sendo responsabilizado por tudo, desde restrições comerciais no Canal do Panamá até uma temporada de furacões no Atlântico mais severa do que o esperado", explica Laidler.
A previsão é de que o El Niño dure até o próximo ano, com um pico típico de inverno entre novembro e janeiro, e 2/3 de chance de se tornar um fenômeno historicamente "forte". Esse é um fenômeno raro (veja o gráfico), tendo ocorrido apenas quatro vezes nos últimos 75 anos. O mais recente foi em 2015, o ano mais quente já registrado, e com distúrbios climáticos generalizados", acrescenta.
SECA: De acordo com Laidler, "o El Niño está sendo responsabilizado por contribuir para a segunda pior seca da história do Panamá. A situação já restringiu a navegação em seu canal de 80 km que conecta os oceanos Pacífico e Atlântico, que é uma artéria fundamental e econômica para 90% do comércio marítimo mundial".
"Essas restrições do canal estão atrasando as cargas e elevando as taxas de frete. As taxas de frete de contêineres entre Xangai e Nova York aumentaram 40% em relação às baixas de junho, para US$ 3.500/40 pés. No ano passado, 14.000 navios transitaram pelo canal, transportando 290 milhões de toneladas de carga, pagando US$ 3 bilhões em pedágios", diz o especialista.
Furacões: "A imprevisibilidade do El Niño também está afetando a temporada de furacões no Atlântico. Essa ameaça anual aos mercados de gasolina, GNL e seguros dos EUA costuma ser menos ativa em anos de El Niño, mas esse não é o caso. O Centro de Previsão Climática dos EUA acaba de dobrar a probabilidade de uma temporada de furacões acima da média para 60%, com previsão de dois a cinco grandes furacões. A 'temporada' dura seis meses, até 30 de novembro, e agora está entrando em seu tradicional pico de dois meses", conclui Laidler.