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China desacelera: “Bomba-relógio” e fim do “crescimento heroico”?

Publicado 29.09.2023, 13:49
© Reuters.

Investing.com – A China elevou a tensão sobre a economia mundial com sua desaceleração. A visão a respeito da retomada da economia chinesa tomou outros rumos frente às perspectivas otimistas com o abandono da política covid-zero no início do ano. Cortes de projeções de bancos, economistas e analistas indicam elevação do pessimismo, com maior receio de que a segunda maior economia do mundo não cumpra suas projeções, apesar de medidas de apoio, e que riscos de contágio se concretizem.

Com uma população de quase um bilhão e meio de pessoas, os analistas estavam construtivos no começo do ano com a tese do potencial da reabertura, que vem se demonstrando abaixo das expectativas.  Mas este ano tem sido de notícias ruins, com expansão da atividade mais lenta do que o previsto, desemprego recorde entre os jovens, moeda mais fraca e forte crise no setor imobiliário, que, até recentemente, representava um terço de toda a riqueza do país.

Ainda assim, economistas e analistas consultados pelo Investing.com Brasil acreditam que, apesar de as perspectivas não serem tão favoráveis quanto esperado anteriormente, o ajuste no ritmo de crescimento está longe de ser um freio total na economia e que as exportações brasileiras não devem ter grandes oscilações. Assim, são poucas as sugestões de alteração no portfólio, apesar da indicação de maior cuidado com os ativos expostos à tese chinesa.

“Bomba-relógio” e fim do “crescimento heroico”?

O crescimento heroico da China chegou ao fim, avaliou o economista Paul Krugman, vencedor do prêmio Nobel de Economia de 2008, em referência aos anos de expansão de dois dígitos na atividade. Enquanto isso, o Financial Times publicou artigo em que afirma que o colapso acelerado do setor imobiliário chinês ameaça outros mercados e o nervosismo com o risco de contágio poderia afetar as commodities. Já o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, considerou a economia chinesa uma “bomba relógio”.

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Com projeções em baixa e pessimismo em alta, os especialistas consultados pelo Investing.com acreditam ser pouco provável que essa bomba-relógio de fato possa explodir, mas destacam que os desafios são muitos, diante do enfraquecimento da demanda interna e percepção negativa do setor imobiliário, que está com alto endividamento, levando a problemas de liquidez de companhias como a gigante Evergrande (OTC:EGRNY).

Para tentar mitigar a situação e seguir em busca da projeção de Pequim de crescimento da economia neste ano em 5%, a China cortou os juros e diminuiu regulamentações para aquisição de residências. Ainda assim, as famílias chinesas – que possuem características mais poupadoras – seguem cautelosas, derrubando preços de casas novas.

Na opinião do economista Livio Ribeiro, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e sócio BRCG, especialista em China, a economia do gigante asiático vem apresentando sérios problemas na dinâmica de crescimento no curto prazo, pelo menos desde abril, e o mês mais negativo foi maio, em sua visão. Dali em diante, principalmente em julho, a reação do mercado parece um tanto descoordenada, entende, ao apontar uma recuperação posterior. “Tanto o pânico quanto o alívio derivam de uma cobertura pouco cuidadosa com o que está ocorrendo com a China. Então, na nossa visão, a economia chinesa terá dificuldade para crescer a um ritmo robusto por questões conjunturais e estruturais”, aponta, na expectativa de que o Produto Interno Bruto (PIB) apresente expansão em torno de 4,8% a 5%.

Ribeiro acredita que, apesar de uma desaceleração no crescimento chinês, as exportações brasileiras terão números próximos do ano passado, com importações menores e um saldo comercial recorde. “Algumas questões, no caso brasileiro, são mais estruturais, como a ascensão das exportações de petróleo, onde a China tem uma relevância grande, mas outros mercados têm ocupado o lugar dela”. Quanto ao minério de ferro, o Brasil tem elevado as exportações, a despeito da desaceleração do mercado imobiliário, segundo o especialista, devido à recomposição de estoques.  

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Pessimismo exagerado?

A atividade chinesa segue mostrando sinais de enfraquecimento, mas os números mais recentes indicam um cenário um tanto mais promissor, segundo Ribeiro. A realidade, de acordo com ele, estaria mais desconectada de um pessimismo exagerado de manchetes.

A Empiricus avaliava que uma retomada mais robusta do consumo seria realmente mais demorada, com maior propensão de poupança da China e cautela frente às recentes medidas. Ou seja, um delay nos resultados da retomada e estímulos já era previsto.  Com o passar do tempo, a situação ficou pior, com problemas de alavancagem da construção civil voltando a permear a situação da China. “Sem o motor da construção civil, a China se viu meio atravancada e sem capacidade de continuar expandindo seus investimentos. De certa forma, a economia chinesa parou, entre aspas, nesses primeiros seis meses”.

Parecia que a China voltaria a ganhar fôlego neste ano, com euforia em relação ao turismo – e que os problemas associados à construção civil estariam com riscos sistêmicos amenizados. Indicadores econômicos continuaram a patinar, com balança comercial arrefecendo e yuan se desvalorizando. As famílias ainda não se sentem confortáveis em consumir as poupanças e realizar novos investimentos – tendo em vista as perdas no setor de imobiliário.

Além do aprofundamento da briga com os Estados Unidos e maior concorrência em semicondutores, a desvalorização brutal do iene, do Japão, deu espaço para o player fomentar sua balança comercial - penalizando as exportações chinesas. A China perdeu mercado para mercados europeus no cenário pós-pandêmico, para somar à situação.

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Gabriel Mota, da Manchester Investimentos, afirma que há uma grande dificuldade de previsibilidade para os dados chineses e o mercado olha muitos informações com certo ceticismo. Mesmo com as dificuldades, ainda que o crescimento relativo frente ao passado seja menor, a economia está em forte crescimento, pondera.

Alocação diante do cenário

Ribeiro não acredita que setores mais expostos à China entrarão em espiral negativa, mas o momento é de menor impulso do gigante asiático. Ou seja “não é necessariamente um cenário tão negativo a ponto de fazer a gente mudar de ideia, mas vai exigir uma análise mais fina por parte dos investidores”.

Quanto à percepção sobre as ações da Vale (BVMF:VALE3) nesse contexto, Ribeiro reforça a tendência de recomposição de estoques do minério de ferro. “Estão discutindo uma resiliência que, na verdade, não é uma resiliência”, aponta, ao lembrar do monopólio da companhia e de outras gigantes como BHP e Rio Tinto (LON:RIO), mas ponderar que a China pode exercer seu poder de formação de preços.

João Piccioni, analista da Empiricus Research, recorda que uma das apostas da casa de análises era nas ações do Booking, mas a recomendação agora é embasada na migração do vetor China para um aumento da ida de americanos à Europa. Além disso, a Empiricus recomendava um ETF chinês ligado à economia interna, com investimentos em ações locais listadas, como redes de supermercados e restaurantes. Ao longo do semestre, com a mudança de percepção sobre a economia chinesa, trocou a posição por Japão, que considera mais promissora nesse momento.

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Em relação aos vetores brasileiros para a tese, a Empiricus segue contrativa com as ações da Vale, que considera baratas. “A Vale está sendo negociada a múltiplos muito interessantes, tem toda essa história da margem de segurança, capacidade de distribuir dividendos. Mas outro ponto que precisamos ficar na cabeça é o avanço das demais economias asiáticas, como a Índia, que vai demandar volume de aço expressivo e um dos principais exportadores de aço para a Índia é justamente a China”.

A Manchester entende que os receios dos investidores ocorrem porque as projeções eram de uma retomada robusta após a flexibilização das medidas de covid-zero, o que não aconteceu, penalizando papéis atrelados ao país.

“A gente tem a visualização de que alguns ativos que são relacionados à China, como Vale, estão com depreciação além do que deveria estar, então tem espaço para performar, mas a precificação em China deve ter um pouquinho mais de cautela”, orienta, pois depois de toda a percepção de que a economia andaria após as medidas de covid-zero, os números ainda não apareceram.

“Ativos depreciados que precisam de China, como Vale e JBS (BVMF:JBSS3), ainda estão muito descontados e tem espaço legal para performar bem. Para a gente já está no preço, até além do que deveria estar. E isso abre oportunidades”.

No entanto, a Manchester não recomenda mudanças de alocação e Vale segue na carteira recomendada. “Todo esse cenário não descredencia nada para nossa bolsa no Brasil e outros ativos podem puxar o índice”, completa.

Últimos comentários

País comunista preferido dos patriotas, tanto pra comprar quanto pra vender... né agro... entre outros .
Prederam tanto o povo dentro de casa na China. Que agora este mesmo povo que poderia levantar a economia, nao quer gastar com receio do futuro.
Os analistas ocidentais: nunca foram à China, não falam a língua e se consideram especialistas sobre esse país.
L
Tem analista que fala que a China vai quebrar todo ano e todo ano erra kkkk
Transparência???...
Nenhum país que trate o povo como gado trancado, prospera, a liberdade do povo trás felicidade, e felicidade faz do homem mais inteligente e consegue prosperar, estado forte, economia fraca.
Quem lacra não lucra. Não buscou uma política conciliadora com quem encheu o o país de recursos , aliou-se com bandido que invade uma nação prospera e muito mais . A conta tá chegando.
Colapso à vista: vai crescer SÓ 5,0% ao ano🤔, enquanto os EUA vão suar para crescer 2%!!! No mais, cada país que faça sua parte, a China tirou + de 800 milhões de chineses da miséria, e hoje tem a maior população de classe média do mundo. Esse é o problema para Wall Street e os EUA em especial, porque o país asiático só depende dele para ser a nação mais rica do mundo ( seu próprio mercado consumidor interno), ao contrário dos EUA que depende e muito de outros países para continuar sua hegemonia.
Daqui a pouco ate a russia cresce mais que os eua mesmo com sanções.
e cresceu, no PIB semestral passado, a Rússia cresceu 4,9%, enquanto os EUA só 2,1%
no PIB trimestral*, só retificando
O gado do Ladrão fascista sempre pregando e torcendo pelo caos.
Qual deles?
Nossa principal parceiro comercial está ruim das pernas, EUA se endividando como nunca, alguns países com PIB reduzido .. Ou seja .. que Deus nos ajude .. Amém
Enfim uma mente imparcial e pensativa
Os chineses estão de olhos bem abertos, vendo o colapso da economia americana. Não querem o mesmo fim para eles.
👀
PESSOAL…… MADEIRRAAAAAAAAAAAAAA
Isso era previsível, desde que começaram a roubar IP Americano, isso desencadeou as tensões e sansões, então as grandes empresas de tecnologia começaram um movimento de realocação de suas fábricas para fora, movendo as operações para outros países. A gota d'água foi o apoio econômico a Rússia, isso fez a Europa seguir os EUA dificultando as operações da China em solo Europeu e levantando inúmeras sansões
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