BRASÍLIA (Reuters) - O ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, poderá ser um dos primeiros convocados a depor na CPI da Pandemia para explicar afirmações de que o Ministério da Saúde seria responsável pelo atraso na compra de vacinas contra Covid-19.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) vai apresentar um requerimento para convocar Wajngarten a esclarecer essas declarações que o ex-secretário fez em entrevista publicada pela revista VEJA. Ele falaria na condição de testemunha, isto é, não pode mentir em depoimento sob pena de cometer crime.
Na justificativa do requerimento, que será protocolada na terça-feira, dia da primeira reunião da CPI, o senador citou o fato de o ex-secretário ter dito que o Ministério da Saúde "seria responsável pelo atraso das vacinas, e que participou ativamente dos esforços para viabilizar a compra da vacina da Pfizer", conforme requerimento repassado à Reuters pela assessoria do senador.
Randolfe acrescenta que Wajngarten disse possuir "e-mails, registros telefônicos, cópias de minutas do contrato, dentre outras provas para confirmar sua afirmação".
"Sendo assim, requeiro a convocação do ex-secretário especial de Comunicação da Presidência, uma vez que considero ser de suma importância o seu relato em contribuição aos trabalhos desta Comissão Parlamentar de Inquérito", justificou.
O Brasil recebeu oferta da Pfizer para firmar contrato para aquisição de doses do imunizante ainda no ano passado, mas só formalizou a contratação recentemente -- o primeiro lote, com 1 milhão de doses -- será entregue nesta quinta-feira pelo laboratório norte-americano.
Em tese, o governo Jair Bolsonaro tem minoria entre os 11 integrantes da CPI, o que pode levar à aprovação do pedido de convocação do ex-secretário.
Na terça, a expectativa é que se elejam os senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Renan Calheiros (MDB-AL), respectivamente, presidente e relator da comissão. Autor do requerimento de criação da CPI, Randolfe deve ser escolhido vice-presidente do colegiado.
(Reportagem de Ricardo Brito e Maria Carolina Marcello)