Por Michael S. Derby e David Lawder
NOVA YORK/WASHINGTON (Reuters) - A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, disse nesta quinta-feira que os investimentos públicos dos EUA que atraem capital privado são cruciais para promover o crescimento sustentável e inclusivo a longo prazo, mas advertiu que o modelo chinês de subsídios industriais estatais maciços é inaceitável para o mundo.
Yellen disse, em comentários para o Clube Econômico de Nova York, que o modelo econômico republicano tradicional focado na oferta depende muito de cortes de impostos para estimular o investimento e não conseguiu beneficiar um número suficiente de trabalhadores.
O discurso de Yellen foi uma espécie de réplica à apresentação que o candidato republicano à presidência, Donald Trump, fez sobre sua visão econômica para os principais CEOs dos EUA em Washington, em que enfatizou cortes de impostos para empresas e redução da regulamentação empresarial, de acordo com seu assessor econômico, Stephen Moore.
"Aprendemos com a experiência que o planejamento central pesado por meio de imposições governamentais não é uma estratégia econômica sustentável", disse Yellen. "Mas também não o é a economia tradicional focada na oferta, que ignora a importância da infraestrutura pública, da educação e do treinamento da força de trabalho e da pesquisa básica apoiada pelo governo."
Os cortes de impostos para os ricos e a desregulamentação não alimentaram "o crescimento e a prosperidade da nação como um todo", acrescentou.
"Ficou claro para o presidente Biden e para mim que nossa estratégia econômica não pode ser conduzida apenas pelo setor público ou privado", disse ela. A doutrina que ela chama de "economia moderna do lado da oferta" exige intervenções públicas para "criar um ambiente favorável aos negócios e estimular os investimentos do setor privado".
Yellen também procurou contrastar a abordagem de Biden com a da China, dizendo que os subsídios excessivos do governo para setores estratégicos alimentaram o excesso de capacidade de produção muito acima da fraca demanda interna. Uma enxurrada de exportações resultante desse investimento excessivo agora ameaça empregos em todo o mundo e está levando a novas barreiras comerciais nos EUA e em outros países.
"Se a China continuar nesse caminho, temo que suas políticas possam interferir significativamente em nossos esforços para construir uma relação econômica saudável", disse Yellen.