Por Andy Bruce e William Schomberg
LONDRES (Reuters) - Os custos de empréstimos do governo britânico aumentaram novamente nesta quarta-feira, depois que o presidente do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, disse aos fundos de pensão que eles tinham três dias para corrigir problemas de liquidez antes que o banco encerre o programa de compra emergencial de títulos de dívida.
O rendimento do bônus de 20 anos atingiu seu maior nível em 14 anos, a 5,141%, e os rendimentos de 30 anos passaram de 5% pela primeira vez desde que o BoE começou a comprar títulos em 28 de setembro para tentar acalmar a turbulência desencadeada por planos de corte de impostos da primeira-ministra, Liz Truss.
Mas a libra subiu mais de 1%, recuperando-se das quedas sofridas na terça-feira, depois que Bailey fez o anúncio contundente durante reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington.
"Anunciamos que sairemos (do programa) até o final desta semana. Achamos que o reequilíbrio deve ser feito", disse.
"Minha mensagem para os fundos envolvidos e todas as empresas envolvidas no gerenciamento desses fundos: vocês têm três dias restantes agora. Vocês precisam fazer isso."
Os mercados financeiros britânicos estão sob pressão desde que o novo ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, anunciou em 23 de setembro uma série de cortes de impostos sem detalhar como eles serão feitos.
Kwarteng e Truss dizem que os cortes são necessários para que a economia britânica volte a crescer. Dados publicados na quarta-feira sugeriram que o país caminha para uma recessão.
O aumento nos custos de empréstimos atingiu alguns fundos de pensão, levando o BoE a lançar o programa de compra de títulos, cujo tamanho máximo diário dobrou na segunda-feira e depois expandiu para incluir títulos indexados à inflação na terça-feira.
Os rendimentos subiram em todos os vencimentos na quarta-feira com o aumento mais acentuado nos títulos de 30 anos. Os rendimentos dos títulos indexados também aumentaram.
Os investidores estão nervosos porque o prazo de sexta-feira para o fim da compra de títulos do BoE pode chegar cedo demais para alguns fundos.
"Bailey tem que dar a mensagem de que o BoE está pronto para ir embora, mas fundamentalmente há um grande ponto de interrogação sobre isso e se o BOE continuará, ou se os riscos de estabilidade financeira continuam e o BoE voltará ao mercado", disse o chefe de pesquisa econômica da Daiwa Capital Markets, Chris Scicluna.
Porém, o Financial Times informou que o BOE havia sugerido em particular aos bancos que poderia continuar comprando títulos além do prazo de sexta-feira se as condições do mercado o exigirem. O jornal citou três fontes com conhecimento das discussões.
Mas um porta-voz do BOE disse que ficou "absolutamente claro em contato com os bancos em níveis de alto escalão" que o prazo de sexta-feira será mantido.
O banco central disse na terça-feira que a situação representa um "risco material" para a estabilidade financeira.
Nsta quarta-feira, disse que está "monitorando de perto" os fundos de investimento orientados a passivos (LDI), que são fundamentais para os fundos de pensão, antes do prazo de sexta-feira.
"Embora o BOE certamente precise reafirmar sua independência e a primazia de seu mandato de estabilidade de preços, está longe de estar claro o quão críveis tais declarações são devido ao grau de vulnerabilidade exposto no mercado de títulos", disse Luke Bartholomew, economista sênior do abrdn.
As dúvidas sobre se o BoE poderá começar a vender títulos em seu balanço também aumentaram.
"Para um investidor global, o Reino Unido parece uma bagunça e, portanto, os investidores globais não querem intervir e comprar títulos em níveis atraentes até que o Reino Unido coloque a casa em ordem", disse Craig Inches, da Royal London Asset.