Por Divya Chowdhury e Aaron Saldanha
(Reuters) - Um superávit de 1 milhão de barris por dia (bpd) em oferta deve limitar ganhos no mercado de petróleo no primeiro semestre de 2020, disse nesta terça-feira o diretor-executivo da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), Fatih Birol.
Em participação no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, Birol afirmou nos bastidores à Reuters que não deve haver expectativas de um aumento significativo nos preços sob "condições normais", embora situações inesperadas, como a crescente instabilidade no Iraque, possam alterar o cenário.
O Iraque, segundo maior produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), tem passado por violentos embates entre a polícia e manifestantes contrários ao governo, que pressionam por uma reforma do sistema político local.
"Eu vejo uma abundância de oferta de energia em termos de óleo e gás. Essa é a razão para que incidentes que vimos recentemente --com o general iraniano morto, as tensões na Líbia-- não tenham impulsionado os preços do petróleo", afirmou Birol.
Ele destacou que as cotações do petróleo Brent giram em torno dos 65 dólares por barril, nível semelhante ao visto à época do fórum de Davos do ano passado, mas disse que não é possível "relaxar", mencionando ter preocupações com possíveis escaladas no Iraque.
Mesmo diante dos cortes de produção pelo grupo de países conhecido como Opep+, Birol disse que a IEA espera um "panorama de mercado confortável" em 2020, com superávit de 1 milhão de bpd ao menos na primeira metade do ano.
"A oferta vai crescer de maneira muito forte a partir de países não membros da Opep. De países como Estados Unidos, Brasil, Noruega e Guiana esperamos mais de 2 milhões de bpd em petróleo", afirmou.
Em termos de demanda, a IEA vê um crescimento de cerca de 1 milhão de bpd em 2020, "especialmente por países emergentes".
(Reportagem de Divya Chowdhury em Davos, Aaron Saldanha e Lisa Mattackal em Bangalore)