Por Leika Kihara
TÓQUIO (Reuters) - As medidas não convencionais de afrouxamento monetário do Banco do Japão, adotadas desde 2013, ajudaram a criar empregos mas tiveram um efeito limitado na elevação da inflação, mostrou documento divulgado nesta quarta-feira e produzido pela instituição como parte de uma revisão abrangente de sua política monetária.
Ao assumir o comando do banco central japonês em abril, o presidente Kazuo Ueda anunciou o plano de realizar uma revisão abrangente para analisar as consequências e os efeitos colaterais de várias medidas de afrouxamento adotadas pela autoridade monetária durante sua batalha de 25 anos contra a deflação.
Embora o banco central tenha afirmado que a revisão não terá impacto direto sobre as decisões de política monetária, analistas disseram que as discussões podem oferecer pistas sobre como Ueda poderia desmantelar as medidas de estímulo implantadas por seu antecessor, Haruhiko Kuroda.
Sob o comando de Kuroda, o Banco do Japão lançou um esquema maciço de compra de ativos chamado de "afrouxamento quantitativo e qualitativo" em 2013 para elevar a inflação até sua meta de 2% em cerca de dois anos.
Depois que a meta se mostrou ilusória, o banco central introduziu em 2016 taxas de juros negativas e uma política de controle da curva de rendimento, que limita os custos de empréstimos de longo prazo em torno de zero.
O documento, que foi apresentado para discussões em um workshop inaugural para a revisão na segunda-feira, estimou que as medidas de estímulo desde 2013 ajudaram a criar empregos e a impulsionar os empréstimos e a produção.
Mas elas reduziram a margem das instituições financeiras e aumentaram a inflação em apenas cerca de 1%, de acordo com as estimativas publicadas no site do banco central nesta quarta-feira.
O documento também mostrou que o formato da curva de rendimento ficou cada vez mais distorcido a partir de 2022, quando o aumento das taxas de juros globais e o crescimento das expectativas de inflação elevaram os rendimentos dos títulos governamentais.
Para eliminar essas distorções, o banco central flexibilizou seu controle sobre os juros de longo prazo, ajustando sua política em dezembro do ano passado, bem como em julho e outubro deste ano.