Por Geoffrey Smith
Investing.com - Um aumento nos novos casos de coronavírus nos EUA leva Nova York a impor uma quarentena às pessoas vindas de fora do estado, enquanto um modelo acadêmico eleva sua previsão no número de mortos por Covid-19 nos EUA para 180 mil em outubro. Isso está impedindo as ações de se recuperar da forte queda da véspera, a pior em duas semanas. O pessimismo também pressiona o ouro e o petróleo.
Os mercados enfrentam novo desafio com a divulgação, nos EUA, do relatório de pedidos iniciais semanais de seguro-desemprego e o PIB do primeiro trimestre. Enquanto isso, na Europa, a empresa de pagamentos Wirecard se torna o primeiro membro do DAX a declarar falência, mas a Lufthansa evita o mesmo destino depois que os acionistas aceitam os termos de um resgate do governo.
Aqui está o que você precisa saber nos mercados financeiros na quinta-feira, 25 de junho.
1. Epidemia nos EUA volta a sair de controle
Os EUA registraram mais de 34.000 novos casos de Covid-19, aproximando-se dos níveis vistos pela última vez no ponto alto da epidemia em abril.
Nova York, Connecticut e Nova Jersey irão impor uma quarentena de 14 dias aos visitantes que chegam dos estados mais afetados, uma medida nova, uma vez que anteriormente os EUA impuseram essas restrições apenas às chegadas do exterior.
Flórida e Texas relataram novos recordes de números de casos, enquanto autoridades em Houston disseram que as unidades de terapia intensiva da cidade estariam no limite hoje.
A Universidade de Washington, em Seattle, elevou sua previsão para o número de mortos nos EUA para 180.000 em outubro, de cerca de 122.000 atualmente.
2. Dados de pedidos de seguro-desemprego, PIB e bens duráveis são esperados
Os EUA apresentarão seus números semanais de pedidos iniciais e contínuos de seguro-desemprego às 9h30 (horário de Brasília), com o número de novos pedidos esperados para cair apenas marginalmente, para 1,30 milhão, ante 1,508 milhão na semana anterior.
Espera-se que os pedidos contínuos caiam abaixo de 20 milhões pela primeira vez desde abril - mas essa também era a expectativa antes do relatório da semana anterior.
O governo também anunciará revisões em sua estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre. O número é de interesse histórico, já que o coronavírus mal tocou a economia dos EUA até março. Os pedidos de bens duráveis para maio, que serão divulgados ao mesmo tempo, trarão informações mais atualizadas sobre o estado da economia, mas também estarão sujeitos à alta volatilidade do curto prazo.
3. Ações devem abrir em queda; Testes de estresse do Fed observados
As bolsas de valores dos EUA devem abrir em queda depois de sofrerem o pior dia desde 11 de junho, em resposta ao aumento nos casos de Covid-19 em grande parte do país.
Às 8h36, o contrato Dow Jones 30 Futuros caía 177 pontos ou 0,7%, enquanto o contrato futuro de S&P 500 caía 0,5% e o Nasdaq 100 estava modestamente melhor, em baixa de 0,1%.
As ações em foco na quinta-feira incluirão os bancos, que enfrentarão os resultados dos testes anuais de estresse do Fed no final do dia. A questão em aberto é se a probabilidade de aumento de empréstimos ruins devido à pandemia irá levar o Fed a impor restrições aos pagamentos aos acionistas e aos bônus dos funcionários.
Também haverá a divulgação de balanços trimestrais da JC Penney, atualmente negociando sua recuperação judicial e - após o fechamento da sessão - da Nike.
4. Wirecard sucumbe, Lufthansa aceita resgate
A empresa alemã de pagamentos Wirecard disse que entrou com pedido de proteção contra falência, três dias depois de admitir um buraco de US$ 2,1 bilhões em suas contas.
A medida previa os possíveis cancelamentos de parcerias importantes com empresas como Visa, Mastercard e JCB após a exposição do que parece ter sido uma fraude massiva. O ex-CEO Markus Braun foi preso e liberado sob fiança no início desta semana.
A Wirecard, outrora queridinha dos investidores de varejo e institucionais, ingressou no índice DAX em 2018, forçando o Commerzbank a algo que muitos viram como um sinal dos tempos. É o primeiro membro do DAX a declarar falência.
Outro "campeão" alemão, no entanto, evitou o mesmo destino na quarta-feira, após os acionistas da Lufthansa se apoiarem em um resgate de 9 bilhões de euros patrocinado pelo governo.
5. A aversão ao risco eleva o dólar e derruba as commodities
O aumento da aversão ao risco, motivado pelos temores de uma nova onda de bloqueios, elevou o dólar e derrubou as commodities.
Às 8h38, o índice dólar, que acompanha o dólar norte-americano em comparação com uma cesta de moedas de mercados desenvolvidos, subia 0,3%, para 97,45, a apenas 0,1% do que seria a máxima do mês. No entanto, seus maiores ganhos ocorreram com os saldos dos níveis de sobrevenda em relação ao porto-seguro iene e ao franco suíço.
Os preços do petróleo dos EUA, por outro lado, caíam 1,5%, para US$ 37,44 por barril, e caíram cerca de 7,5% em relação às máximas atingidas no início da semana, na esperança de que o mercado físico de petróleo esteja se reequilibrando. Os contratos futuros do Brent caíam 1%, mantendo-se um pouco abaixo da marca de US$ 40 por barril.
Enquanto isso, os contratos futuros de ouro caíam 0,2%, para US$ 1.771,55, novamente sublinhando uma correlação mais alta com os ativos de risco, uma vez que assume uma parte maior das carteiras de varejo alavancadas que são suscetíveis à pressão de curto prazo nas ações.