AO VIVO: Lula assina MP contra tarifaço de Trump
Investing.com – Os índices futuros das bolsas norte-americanas operam perto da estabilidade, mas com viés negativo, nesta quinta-feira, em meio à crescente tensão comercial gerada pela nova ofensiva tarifária do presidente Donald Trump.
O Brasil se tornou o mais recente alvo das medidas anunciadas por Washington, enquanto investidores também digerem os sinais da ata do Federal Reserve, que indicou abertura para cortes de juros ainda este ano.
No calendário econômico de hoje, saberemos logo mais qual foi a inflação oficial no Brasil para o mês de junho.
1. Futuros dos EUA recuam com nova escalada tarifária
Os principais contratos futuros de ações dos EUA registravam leve queda antes da abertura das bolsas em Nova York nesta quinta-feira
Por volta das 8h20 de Brasília, o Dow Jones cedia 56 pontos (–0,12%), o S&P 500 recuava 4 pontos (–0,07%) e o Nasdaq 100 perdia 3,7 pontos (–0,02%).
Na véspera, os índices encerraram o dia em alta, favorecidos pela divulgação da ata da reunião de junho do Federal Reserve, que reforçou as expectativas de corte de juros até o fim do ano.
O destaque ficou por conta das ações da Nvidia (NASDAQ:NVDA), que subiram 1,8%, elevando o valor de mercado da empresa para US$ 3,97 trilhões. Durante o pregão, a companhia chegou brevemente a atingir a marca histórica de US$ 4 trilhões em valor de mercado.
O desempenho da Nvidia contribuiu para que o Nasdaq Composite encerrasse o dia em nova máxima recorde, refletindo a força do setor de tecnologia.
Analistas da Vital Knowledge comentaram que o avanço recente dos mercados decorre da percepção de que as tarifas poderão ser menos severas do que o discurso inicial sugere, e que a inflação pode seguir tendência de desaceleração, abrindo espaço para o Fed flexibilizar a política monetária.
2. Trump mira Brasil com tarifa de 50%
Apesar do otimismo pontual, a escalada protecionista de Trump gera cautela nos mercados, com receios sobre seus efeitos sobre a atividade global.
Na mais recente movimentação de sua política comercial, o presidente norte-americano afirmou que pretende aplicar uma tarifa de 50% sobre todas as importações do Brasil, com vigência a partir de 1º de agosto. Segundo Trump, a medida responde ao que classificou como tratamento inaceitável dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado político do republicano.
Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Trump chamou o processo contra Bolsonaro, que responde por tentativa de golpe, de “vergonha internacional”.
Essa nova tarifa seria a mais elevada entre as anunciadas nesta semana, que vieram acompanhadas da decisão de postergar a entrada em vigor das chamadas tarifas recíprocas para 1º de agosto. A medida havia sido inicialmente programada para abril e depois adiada para esta semana.
Segundo analistas, a iniciativa tem motivação mais política do que comercial. O Brasil ocupa a 15ª posição entre os parceiros comerciais dos EUA e é um dos poucos países com superávit em favor dos norte-americanos.
Em paralelo, Trump também confirmou a intenção de aplicar uma tarifa de 50% sobre as importações de cobre, reiterando declarações feitas no dia anterior. Em sua rede social, afirmou ter recebido um relatório de segurança nacional destacando a importância estratégica do metal.
SAIBA MAIS: Entenda o impacto da tarifa de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros
3. Inflação no Brasil
Na agenda econômica de hoje, teremos a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para o mês de junho.
Ontem, o presidente do banco central, Gabriel Galípolo, afirmou na Câmara dos Deputados que a autoridade monetária segue comprometida com a meta de 3% para a inflação, destacando que, diante de um cenário de pleno emprego e demanda ainda forte, há risco de que as pressões sobre os preços persistam.
Galípolo também reconheceu que, embora o IPCA tenha mostrado desaceleração recente, os núcleos do indicador seguem elevados e os serviços continuam pressionando o índice, o que justifica a manutenção de uma política monetária restritiva.
Para junho, as projeções indicam uma alta entre 0,2% e 0,23%, marcando a quarta desaceleração mensal consecutiva, mas ainda insuficiente para mudar o diagnóstico inflacionário. O grupo de serviços, sobretudo os intensivos em trabalho, permanece resiliente, e os núcleos seguem elevados.
As estimativas para o IPCA de 2025 continuam acima do limite de tolerância do regime de metas, com previsões que variam entre 4,9% e 5,5%, bem acima do centro da meta, evidenciando os desafios para o controle da inflação no médio prazo.
4. Fed sinaliza corte ainda este ano, mas monitora tarifas
As incertezas ligadas às tarifas seguem entre os principais vetores de instabilidade nos mercados globais, com impacto direto sobre a confiança de consumidores e sobre os planos de investimento das empresas.
O Federal Reserve citou explicitamente o risco inflacionário associado às tarifas como um dos motivos para manter uma postura cautelosa, preferindo aguardar antes de adotar novos cortes na taxa básica de juros.
A ata da reunião de junho revelou que apenas “poucos” membros do comitê consideraram apropriado iniciar reduções de juros já neste mês. A discussão acontece em meio às críticas recorrentes de Trump ao presidente do Fed, Jerome Powell, a quem o republicano voltou a pedir que renuncie ao cargo.
Powell, por sua vez, tem defendido uma abordagem mais conservadora nas últimas semanas, mas não descartou totalmente a possibilidade de corte ainda em 2025. Segundo a ata, a “maioria dos participantes” acredita que uma redução poderá ocorrer mais adiante no ano, com a expectativa de que os impactos das tarifas sobre os preços sejam “modestos ou temporários”.
5. Petróleo em queda
Os preços do petróleo registravam queda no início da manhã desta quinta, com o mercado avaliando o impacto de novas tarifas comerciais anunciadas por Donald Trump, incluindo uma taxa de 50% sobre o cobre e aumento de tarifas sobre produtos brasileiros, coreanos e japoneses, que elevam o risco de uma guerra comercial e pressionam as expectativas de demanda.
Ao mesmo tempo, dados da EIA, agência de informações energéticas dos EUA, mostraram um aumento inesperado de 7,07 milhões de barris nos estoques de petróleo no país, o maior desde janeiro, em contraste com uma queda nos estoques de gasolina, que sugere forte consumo durante o feriado de 4 de julho.
Esses elementos, somados à decisão da aliança de produtores Opep+ de elevar a produção a partir de agosto, alimentam temores de excesso de oferta e mantêm os investidores atentos à evolução da demanda global por combustíveis.
No momento da redação, o barril do Brent, referência internacional e para a Petrobras (BVMF:PETR4), recuava 0,54%, a US$ 69,83, enquanto o barril do Texas (WTI), referência nos EUA, caía 0,66%, a US$ 67,93.