Investing.com – Os principais índices futuros das bolsas dos EUA operam em baixa nesta sexta-feira, com os mercados avaliando uma série de balanços corporativos e sinais de possível alívio nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China.
De acordo com fontes ligadas ao governo chinês, Pequim estuda conceder isenções tarifárias a determinados produtos norte-americanos, incluindo itens vinculados ao setor de semicondutores.
No cenário corporativo, a Alphabet (NASDAQ:GOOGL), controladora do Google, divulgou lucro acima das projeções para o primeiro trimestre e reafirmou seu compromisso com elevados investimentos, mesmo diante da instabilidade econômica gerada pela política tarifária.
No Brasil, o mercado acompanhará a divulgação do IPCA-15, considerado um sinalizador da inflação oficial para o mês de abril.
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1. Futuros americanos caem
Os contratos futuros do S&P 500 e do Nasdaq 100 registravam queda nesta manhã, refletindo a cautela dos investidores diante dos resultados corporativos mistos e das expectativas em torno de uma possível moderação na retórica entre Washington e Pequim.
Por volta das 7h45 de Brasília, o S&P 500 caía 20 pontos (-0,39%), enquanto o Nasdaq 100 se desvalorizava 64 pontos (-0,34%) e o Dow Jones recuava 206 pontos (-0,53%) no mercado futuro.
CONFIRA: Cotação das ações dos EUA na pré-abertura em Wall Street
Na véspera, os principais índices de Nova York encerraram o pregão com o terceiro avanço consecutivo, apoiados na leitura de que o governo de Donald Trump estaria revendo sua postura em relação à China. Desde o início de seu mandato, o presidente adotou uma estratégia comercial agressiva, elevando tarifas sobre produtos chineses a patamares que chegaram a 145%.
Em contrapartida, Pequim impôs tarifas de até 125% sobre importações dos EUA. O Ministério do Comércio chinês tem reiterado que todas as tarifas "unilaterais" devem ser eliminadas, enquanto reportagens na mídia local indicam que assessores de Trump estariam avaliando reduzir a carga tributária atual. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, destacou que o atual nível tarifário é insustentável no médio prazo.
Entre os destaques corporativos, companhias como Procter & Gamble, PepsiCo (NASDAQ:PEP), American Airlines (NASDAQ:AAL) e Chipotle Mexican Grill revisaram para baixo, ou até mesmo cancelaram, suas projeções financeiras, alegando incertezas relacionadas aos efeitos das tarifas. Por outro lado, a ServiceNow apresentou lucro acima do esperado, impulsionado pela demanda consistente por seus softwares com base em inteligência artificial, o que levou suas ações a dispararem 15,5%.
2. Pequim avalia isenção tarifária para alguns produtos dos EUA
Conforme reportado pela Reuters, o governo chinês está considerando conceder isenção para determinados produtos norte-americanos, atualmente sujeitos a tarifas retaliatórias elevadas. Empresas foram convidadas a listar itens que poderiam se enquadrar nesse regime especial.
Segundo uma fonte próxima ao tema, uma equipe do Ministério do Comércio chinês estaria elaborando uma lista de produtos com potencial para isenção, e colhendo sugestões diretamente do setor privado.
O presidente da Câmara Americana de Comércio na China declarou à agência que o governo local questionou diversas empresas sobre quais itens importados dos EUA não possuem alternativas no mercado chinês, e cuja ausência colocaria em risco cadeias produtivas inteiras.
De acordo com a revista financeira Caijing, Pequim estaria avaliando incluir até oito produtos relacionados ao setor de semicondutores na lista, excluindo, porém, chips de memória.
3. Resultados da Alphabet e balanços em Wall Street
As ações da Alphabet subiram no after market, após a companhia divulgar um lucro trimestral superior às estimativas do mercado. A gigante da tecnologia reafirmou seus planos de manter altos investimentos em inteligência artificial, apesar do ambiente econômico ainda incerto por conta das tarifas.
O lucro operacional do grupo somou US$ 30,6 bilhões no trimestre, superando com folga as expectativas de analistas. A receita consolidada ficou em linha com as projeções.
Os investimentos em capital (capex) atingiram um recorde histórico de US$ 17,2 bilhões, e a empresa reiterou sua meta de investir US$ 75 bilhões em 2025 para acelerar o desenvolvimento de suas capacidades em IA. Parte do mercado vinha questionando o volume de investimentos em IA por parte da Alphabet e de outras big techs, especialmente após o surgimento de um modelo de IA de baixo custo desenvolvido pela startup chinesa DeepSeek.
Executivos da Alphabet evitaram comentar se as tarifas dos EUA terão impacto direto nas operações. Embora o core business da empresa não seja atingido de forma imediata pelas tarifas, muitos clientes dos serviços de publicidade e nuvem da companhia podem enfrentar pressões que afetem seus orçamentos.
Empresas têm reportado dificuldade crescente em fazer planejamentos estratégicos diante do cenário de incerteza tarifária, levando analistas a preverem cortes nos orçamentos de marketing em setores sensíveis.
Com a temporada de resultados em pleno andamento, os investidores seguem atentos à divulgação de novos números trimestrais.
Antes da abertura dos mercados em Nova York, está prevista a divulgação dos resultados de AbbVie, HCA Healthcare, Colgate-Palmolive, Phillips 66 (NYSE:PSX) e Centene.
A AbbVie deve concentrar maior atenção, uma vez que o mercado espera atualizações sobre como a farmacêutica pretende lidar com uma eventual imposição de tarifas sobre medicamentos e controles de preços nos EUA, conforme antecipado pelos analistas da Vital Knowledge em nota a clientes.
O time da HCA também poderá ser questionado sobre os potenciais efeitos de cortes no programa Medicaid, segundo os mesmos analistas.
Na agenda macroeconômica, será divulgado o dado final da pesquisa de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan. A prévia do indicador revelou deterioração na percepção das famílias sobre a economia, com projeções mais altas de inflação – atribuídas, em grande parte, às tensões comerciais globais.
4. Petróleo caminha para perda semanal
Apesar de leve alta nesta sexta-feira, os preços do petróleo seguem rumo a uma queda semanal, refletindo preocupações com o excesso de oferta por parte da Opep.
Tanto o Brent quanto o WTI acumulam retração próxima de 2% na semana, após reportagem da Reuters apontar que diversos países produtores integrantes da Opep estariam pressionando por um aumento mais acelerado da produção em junho, prolongando o avanço inesperado observado em maio. As discussões ocorrem em meio a disputas internas sobre o cumprimento das cotas de produção.
A Opep e seus aliados, grupo conhecido como Opep+, se reúnem no dia 5 de maio para definir as metas de produção para o próximo mês.
5. Dados de inflação no Brasil
O mercado local direcionará suas atenções hoje à divulgação do IPCA-15 do mês de abril, indicador de inflação muito semelhante ao índice oficial divulgado pelo IBGE, mas que capta as variações de preços aos consumidores do dia 16 do mês anterior ao dia 15 do mês de referência.
No mês de março, o IPCA-15 registrou uma desaceleração para 0,64%, ficando abaixo das projeções da maioria dos analistas. A taxa de 12 meses, porém, avançou para 5,26%, a mais alta em dois anos, ultrapassando o teto da meta de inflação perseguida pelo banco central. Apesar da desaceleração nos núcleos e na inflação de serviços, a pressão dos alimentos seguiu intensa, contribuindo, junto aos transportes, por dois terços da alta mensal.
No cenário político, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, determinou a prisão imediata do ex-presidente da República, Fernando Collor de Mello, condenado em 2023 a 8 anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em um caso relacionado à BR Distribuidora durante seu mandato como senador por Alagoas. A defesa, que considerou a decisão surpreendente, afirmou que Collor irá se apresentar para cumprir a ordem.
Primeiro presidente eleito após a ditadura, Collor teve seu mandato interrompido por um processo de impeachment em 1992, após denúncias de corrupção envolvendo seu ex-tesoureiro de campanha, PC Farias.