Por Dawn Chmielewski e Danielle Broadway e Lisa Richwine
LOS ANGELES (Reuters) - Embora Hollywood comemore o fim das greves de atores e roteiristas, o impacto econômico multibilionário para todos, de membros da equipe a fornecedores, levará meses para ser contabilizado.
Roteiristas e atores em greve cortaram gastos, queimaram poupanças e contraíram dívidas para sobreviver. Lavanderias e outros serviços da indústria demitiram funcionários, enquanto lojas de equipamentos venderam seus estoques ou fecharam.
Estimativas preliminares calculam o custo econômico em mais de 6 bilhões de dólares em salários perdidos e impacto aos negócios em toda a Califórnia e outros Estados com produções grandes, como Georgia e Novo México, porque a maioria da produção de filmes e programas de televisão roteirizados foi paralisada.
As luzes estão se acendendo novamente em sets de filmes e de séries de televisão, com os estúdios correndo para retomar as gravações.
No entanto, Hollywood não deve retornar ao ritmo frenético de produção da guerra dos streamings, quando estúdios competiram por assinantes e prestígio. Custos trabalhistas maiores ao estúdios, queda nas receitas publicitárias da televisão e uma Wall Street cada vez mais cética estão reduzindo o número de programas de televisão, cortando empregos e transferindo algumas das produções para locais mais baratos fora dos Estados Unidos.
O dano econômico total da greve, incluindo falências, demorará para ser tabulado, com especialistas ainda analisando os dados.
O impacto humano será mais difícil de quantificar, embora dolorosos relatos pessoais, como o de Celia Finkelstein, atriz e membro do Sindicato dos Roteiristas, deem uma ideia dos impactos. Ela e seu marido, um coordenador de produção, ficaram sem trabalhar por seis meses.
“Não havia renda na nossa casa”, Finkelstein disse à Reuters. “Estamos gratos porque recebemos empréstimos do sindicato e tínhamos economias, mas foi um verão muito duro.”
Membros do Sindicato dos Roteiristas (WGA) entraram em greve em maio. O Sindicato dos Atores (SAG-AFTRA) fez o mesmo em julho.
Os roteiristas voltaram ao trabalho em setembro, após receberem aumentos salariais, restrições ao uso de inteligência artificial e benefícios, como pagamentos residuais que compensam os roteiristas por séries populares nos streamings. Os atores de Hollywood conseguiram ganhos parecidos em um acordo temporário fechado com os estúdios em 8 de novembro.
SOFRENDO PARA GANHAR O SUFICIENTE
A greve deu o golpe final em algumas carreiras. A aspirante a atriz Serena Kashmir abandonou a indústria após trabalhar em Hollywood por mais de 11 anos.
“Eu estava trabalhando em cinco ‘empregos de sobrevivência’ e ainda estava morando com a minha mãe”, disse Kashmir. “Eu tenho um currículo bom, imagens, contatos, e um diploma de atuação, mas não deu certo”.
Kashmir concluiu que ser “atriz em tempo integral” não era uma realidade e se mudou para o Colorado para ganhar a vida com outra coisa.