SÃO PAULO (Reuters) - As importações de aço plano no Brasil deverão se mostrar ainda elevadas quando houver o somatório de material que foi internalizado no país em maio, antes da entrada em vigor da medida de proteção comercial decidida pelo governo federal no final de abril, estimou nesta quarta-feira o presidente da associação de distribuidores, Inda, Carlos Loureiro.
"Maio também deve ser mês forte de importação...O material que chegou em abril foi fechado (encomendado) no final do ano passado. As encomendas estão a caminho", afirmou o executivo em entrevista a jornalistas.
O governo decidiu no final de abril adotar um sistema de cotas de importação sobre 11 produtos siderúrgicos que pagarão 25% de sobretaxa caso ultrapassem os limites estabelecidos.
Segundo os dados do Inda divulgados nesta quinta-feira, as importações de aço plano pelo Brasil no mês passado cresceram 50,5% sobre o mesmo mês de 2023, acumulando no primeiro quadrimestre expansão de 25,4%. O destaque de abril foram as importações de laminados a quente, galvalume e zincados, todos com altas acima de 90%.
Os números foram divulgados no mesmo dia em que a Aço Brasil, associação que representa siderúrgicas, publicou queda de 1,1% na produção em abril sobre um ano antes, para 2,73 milhões de toneladas e alta de 9,5% nas vendas no mercado interno.
Questionado sobre como as cotas poderão ser operacionalizadas, a partir de junho ou julho a depender da ação do governo, Loureiro afirmou que "o mais provável" é que sejam definidas por empresa importadora, com base num volume médio importado entre 2020 e 2022 acrescido de 30%. "Isso será o máximo que a empresa poderá importar", disse o executivo, citando discussões em andamento de integrantes do setor com o governo.
"Parece mais provável uma cota trimestral a partir de junho", acrescentou.
Diante do cenário, os distribuidores de aços planos elevaram as compras de material em abril, tendo como base um entendimento de que os preços no Brasil não vão recuar. As compras do setor terminaram abril em alta de 13,4% ante março e 8,7% acima de um ano antes, a 346 mil toneladas.
Com isso, os estoques do setor fecharam o quadrimestre em 916,7 mil toneladas, crescimento anual de 12% e volume suficiente para 2,8 meses de vendas, ante uma média histórica de 2,5 meses.
A expectativa do Inda para maio é que as compras, e as vendas, dos distribuidores, cresçam 3,5% ante abril. Mas Loureiro frisou que houve discrepâncias entre os membros da entidade e por isso a expectativa pode não se confirmar.
"O aumento das compras é fruto do clima do final de abril, em que houve toda essa discussão de cotas e tarifas e criou-se a sensação de que os preços do aço não vai cair mais", disse Loureiro.
"Não há nenhum movimento de descontos que estava acontecendo antes. Os preços estão estáveis", acrescentou, citando descontos em preços de produtos específicos que vinham sendo concedidos pelas siderúrgicas no caso de grandes pedidos.
Sobre o Rio Grande do Sul, o presidente do Inda disse que a entidade ainda não tem um quadro da situação do setor no Estado, mas que "alguns distribuidores ficaram embaixo d'água" e citou perdas de materiais como laminados finos a frio e galvanizados devido à corrosão causada pelo contato com a água.
"É uma perda razoável...Caxias do Sul tem grandes fabricantes de autopeças e esse pessoal vai demorar para recuperar...em maio e junho, o consumo (de aço) no Rio Grande do Sul vai cair." Segundo o Inda, o Estado é responsável por 10% do consumo de aço dos distribuidores filiados à entidade.
(Por Alberto Alerigi Jr.; )